|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Solicitações da PM iam direto para o juiz-corregedor dos presídios, Octávio Augusto Machado de Barros Filho
Promotoria desconhecia saídas de presos
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Ivan Francisco Pereira Agostinho, secretário-executivo da Promotoria das Execuções Criminais de São Paulo, afirmou ontem que não era informado sobre a liberação dos presos
requisitados pelo Gradi (Grupo
de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) da PM.
""O Ministério Público nunca foi
ouvido antes ou intimado depois
[das autorizações assinadas pelo
juiz"", afirmou Agostinho.
As solicitações da Polícia Militar
iam direto para o juiz-corregedor
dos presídios de São Paulo, Octávio Augusto Machado de Barros
Filho, que solicitava a entrega de
relatório das operações.
Segundo a Promotoria, os resumos das diligências e o motivo
das saídas não eram repassados
aos promotores do setor de execuções, que trabalham com os
condenados e com os presídios.
Dois casos, porém, chegaram ao
conhecimento dos promotores: o
que terminou com a morte de
Chacal, em julho de 2001, e o dos
dois detentos que denunciaram
terem sido torturados, em março
deste ano.
Na primeira história, há sindicância em andamento. O procedimento só deve terminar com o
encerramento do processo que
tramita no 2º Tribunal do Júri, na
capital paulista. Os inquéritos das
polícias Civil e Militar não questionaram os procedimentos do
reservado da PM na investigação.
No caso da tortura, Agostinho pediu o arquivamento sob a justificativa de que não havia funcionários de penitenciárias envolvidos
e porque a Corregedoria dos Presídios já havia notificado a Corregedoria da PM dos fatos.
O promotor enviou a história
para o Gaeco (Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime
Organizado), que investiga o
PCC. A comunicação, em maio,
provocou pedido de abertura de
inquérito pela Procuradoria Geral
de Justiça, há duas semanas.
Ontem à tarde, promotores ouviram o último dos dois presos
que acusam policiais do Gradi de
tortura. O depoimento, que está
sendo mantido em sigilo, durou a
tarde toda. O preso, que cumpre
pena de mais de 40 anos por assalto, trabalhou para o Gradi de janeiro a março deste ano.
Agora, o Ministério Público deve ouvir testemunhas e, por último, os policiais militares envolvidos na operação que deu origem à
acusação de tortura.
No dia 30 de março, os dois presos foram retirados do COC (Centro de Observação Criminológica) para ajudar em uma ação da
PM. Fugiram no veículo que receberam do Gradi. Foram detidos e
voltaram para a prisão feridos
-um com fratura no fêmur.
Segundo a Promotoria, o inquérito sobre a suposta tortura servirá também para apurar os métodos de ação da inteligência da PM.
Texto Anterior: Polícia fora da lei: Agente da PM deixou presídio 68 vezes Próximo Texto: Letras jurídicas: Ajuste constitucional do idoso Índice
|