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COFRE PÚBLICO
Gastos com custeio incluem salários, coleta de lixo e juros da dívida; prefeitura cita ampliação de serviços
Despesas sobem 30% na gestão Marta
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com a dívida crescente
e acima do limite permitido pela
lei, a prefeitura aumentou em
30% os gastos para tocar a cidade
nos primeiros três anos da gestão
Marta Suplicy (PT).
Economistas e opositores afirmam que, para melhorar as finanças do município, é preciso economizar no custeio -termo usado em contabilidade para designar os gastos que fazem a máquina pública funcionar, como salários de funcionários, serviços terceirizados e coleta de lixo, por
exemplo. A prefeitura considera
até os juros da dívida como item
de custeio.
No ano passado, o município
gastou R$ 10,48 bilhões em custeio, em valores corrigidos pela
inflação até junho. Em 2000, último ano do governo Celso Pitta
(1997-2000), esses gastos foram
de R$ 8,08 bilhões, também em
números atualizados.
Na opinião de especialistas ouvidos pela Folha, a elevação dos
gastos de custeio mostra um descompromisso da prefeitura com a
questão da dívida.
A administração paga em dia a
dívida com a União -13% de sua
receita líquida todo mês, o que
equivale a cerca de R$ 100 milhões-, mas isso é insuficiente
para atender ao limite de endividamento imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Assim, pela
lei, teria que economizar mais para tentar baixar a relação dívida-receita.
Atualmente a dívida da prefeitura corresponde a 2,35 vezes sua
receita. Isso significa que, se a administração ficasse dois anos sem
gastar nada, ainda assim não quitaria sua dívida, hoje em cerca de
R$ 27 bilhões.
Pela lei, essa relação teria de estar em 1,78 no final deste ano. O limite está suspenso por decisão do
Senado, mas volta a valer em
maio do ano que vem, no início
do próximo mandato.
"Enorme dívida social"
Em nota, a Secretaria das Finanças atribuiu o aumento dos gastos
ao "caos financeiro" e à "enorme
dívida social" deixados pela administração anterior.
Como exemplo, cita a criação de
200 mil vagas em escolas, contra
44 mil nos quatro anos que antecederam a gestão Marta. Cada um
dos 21 CEUs (Centros de Educação Unificados) erguidos pela petista gasta cerca de R$ 500 mil por
mês em manutenção.
A prefeitura argumenta também que, para aumentar o número de serviços prestados à população, "é necessário um aumento
nos gastos com custeio".
A Folha pediu à prefeitura há
cerca de 15 dias o detalhamento
dos dados de custeio, mas a Secretaria das Finanças não forneceu
os números. No entanto, os dados
estão disponíveis no SEO (Sistema de Execuções Orçamentárias),
na Câmara Municipal, alimentado pela secretaria.
Segundo levantamento de técnicos do gabinete do vereador
Roberto Tripoli (PSDB), os gastos
com serviços de terceiros subiram
48% do quarto ano de Pitta para o
último de Marta. Em 2000, foram
R$ 2,84 bilhões, contra uma previsão de R$ 4,19 bilhões para 2004.
Nesses números, estão incluídos
gastos com consultorias, coleta de
lixo e viagens, entre outros.
O número de funcionários também aumentou na atual administração, de 116.436 para 129.976
nos três primeiros anos, o que representa uma alta de 11,6%. Houve 2.142 contratações sem realização de concursos públicos.
A secretaria diz que foram realizadas contratações sem concurso
na administração direta porque
"em administrações anteriores,
grande parte desses cargos era
provida de maneira irregular por
empresas públicas municipais
(Prodam, Anhembi e Emurb)".
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