|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Decisão de instituto particular de São Paulo de limitar serviço custeado pelo SUS por causa de dívida provocou protesto
Hospital restringe atendimento de câncer
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão de um dos principais
centros de combate ao câncer em
São Paulo de limitar o atendimento a pacientes do SUS (Sistema
Único de Saúde) gerou protesto
de cerca de 200 pessoas ontem de
manhã. A medida deve afetar pelo
menos 5.000 pessoas por mês.
Os manifestantes fecharam a
Radial Leste, principal acesso da
zona leste ao centro da cidade, depois que as senhas distribuídas
pelo Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) acabaram.
A lentidão chegou a 2,5 km.
O IBCC é um hospital particular
que mantém atendimento filantrópico para pacientes com câncer há 37 anos. De acordo com José Antônio Passos, diretor administrativo do hospital, 87% dos
atendimentos mensais provêm
do SUS -cerca de 35 mil.
Passos diz que apenas passou a
cumprir o limite de cotas estipulado em convênio assinado em
2003 com a Secretaria Municipal
de Saúde, gestora dos recursos enviados pelo Ministério da Saúde.
A cota pré-estabelecida em 2003
diz que o hospital pode fazer por
mês 800 mamografias, 1.100 exames de ultra-sonografia e 278 internações. Mas, desde o início do
ano, a unidade superou os limites
em 4.548 mamografias, 820 ultra-sonografias e 669 internações. Esses serviços não foram cobertos
pelo SUS por excederem a cota.
"Como ultrapassávamos a cota
todo mês, não recebíamos nada a
mais do SUS por isso. Criamos
um déficit mensal em torno de
R$ 350 mil. Não dava mais para
sustentar essa situação", afirma.
O diretor acredita que, restringindo o número de atendimentos
ao teto previsto, deve diminuir a
dívida mensal em cerca de 50%.
Segundo a CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego), o protesto começou às 6h45, quando pacientes que não obtiveram senha
para marcar consultas em setembro ocuparam a pista. A manifestação só acabou por volta das 9h.
Outro lado
Em nota oficial, o Ministério da
Saúde afirmou que o IBCC está
sob gestão municipal e, por isso,
cabe à prefeitura custear a assistência prestada pela entidade. O
ministério diz ainda que a verba
para tratamentos de câncer está
em dia. O último repasse ao município foi creditado na última segunda, de R$ 33,53 milhões.
Já a secretaria municipal disse
que continua repassando a verba
para o IBCC de acordo com a produção do serviço de saúde, seguindo o estipulado no convênio.
Colaborou Renata Baptista
Texto Anterior: No trem: Homem acha e devolve mala com R$ 200 mil Próximo Texto: Aids mata duas vezes mais negros do que brancos no Estado de SP Índice
|