São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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Dengue triplica em 2005 no Ceará

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O número de casos de dengue registrados no Ceará já é quase três vezes maior que o notificado durante todo o ano passado no Estado. Foram confirmados, de janeiro até o final de julho, 9.122 casos do tipo clássico e 88 de dengue hemorrágica, com 12 mortes. Em todo o ano de 2004, foram apenas 3.093 casos e uma morte.
Somente na semana passada houve um aumento de 1.351 casos registrados, de acordo com o boletim semanal da Secretaria da Saúde do Estado.
Fortaleza concentra a maior parte dos casos, com 3.267 de dengue clássica e 56 da hemorrágica. O aumento na capital, na última semana, também foi o mais elevado: do total de 1.351 novos casos, 1.023 eram de Fortaleza.
A última epidemia no Estado foi em 2003, com 23.796 casos de dengue clássica, 291 de dengue hemorrágica e 20 mortes. A pior epidemia que já houve no Ceará foi em 1994, com 47.789 casos.
Segundo o secretário da Saúde do Estado, Jurandir Frutuoso, ainda não há epidemia, mas o crescimento da doença preocupa.
Como explicação para esse aumento, ele disse que uma das causas foi a descontinuidade de políticas públicas, por causa das eleições municipais no ano passado, e, por conseqüência, a mudança dos gestores. Além disso, ele inclui fatores climáticos, como o aumento da temperatura no Ceará, o aumento da umidade no ar e as chuvas irregulares.
"A combinação desses fatores serviu como uma fórmula mágica para contribuir para a proliferação da doença", disse.
Para ele, houve negligência de alguns prefeitos eleitos, que desativaram equipes e tornaram o trabalho de combate ao mosquito mais lento. "O trabalho contra a dengue não pode ser por espasmos, tem de ser continuado, o ano todo."
Anteontem, o secretário se reuniu com a equipe responsável pelo combate à dengue da Prefeitura de Fortaleza, para acertarem a intensificação das ações públicas contra o mosquito. Entre essas medidas está a ampliação do trabalho dos carros "fumacê", que vaporizam veneno contra o mosquito transmissor, para todos os bairros da cidade, o que não vinha sendo feito.
A Secretaria da Saúde do Estado recebeu R$ 340 mil do Ministério da Saúde para a capacitação imediata de agentes de campo, para a prevenção, por meio da visita de residências.
Segundo Frutuoso, médicos do sistema público também começaram a ser capacitados, para acelerar o diagnóstico e evitar novas mortes por dengue hemorrágica. "Esperamos que, com essas ações, já comecemos a ter melhores resultados neste mês de agosto."

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