São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Após dia de confusão, metrô segue em greve

Na Luz, houve confronto entre policiais e usuários que tentavam entrar na estação

1,2 milhão de usuários, 40% do total, não conseguiram usar o sistema; empresa pôs funcionários de cargos de chefia para operar trens

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os metroviários de São Paulo decidiram manter por tempo indeterminado a greve iniciada ontem. No primeiro dia de paralisação, 1,2 milhão de usuários (40% do total) não conseguiram utilizar o sistema, o que sobrecarregou tanto as vias públicas da cidade quanto demais meios de transporte público.
Na estação de trem da Luz (centro), houve empurra-empurra entre policiais e usuários devido à grande aglomeração no local. Várias pessoas desmaiaram (leia na C3).
O Metrô afirma que manterá hoje esquema emergencial: em funcionamento, apenas a linha 1 (azul) e o trecho entre as estações Ana Rosa a Clínicas da linha 2 (verde), das 6h às 22h.
Essas linhas funcionarão, segundo o Metrô, novamente com empregados que ocupam cargos de chefia e instrutores -fato inédito em greves.
Já a CET definirá apenas no início da manhã de hoje se manterá o rodízio de veículos.
Ontem, todos os carros puderam circular, e o trânsito ficou complicado. A CET registrou 20% de congestionamento às 20h30 -a média é de 13%.
Na zona leste, a situação se agravou devido a uma paralisação de motoristas e cobradores da viação Himalaia. Eles recolheram os 560 ônibus que atendem a 28 linhas nos bairros de Itaquera, São Mateus e Aricanduva. Os funcionários reivindicam pagamento de horas extras. A prefeitura deslocou 211 ônibus para a região.
De acordo com o Metrô, 3.500 dos 7.600 funcionários da empresa trabalharam ontem, sendo 700 na operação dos trens. O sindicato dos metroviários contesta o dado e afirma que apenas 500 pessoas da operação atuaram.
A categoria reivindica o pagamento de R$ 1.800 relativos à participação nos lucros. O Metrô oferece um salário de participação, com adiantamento de R$ 800 em 1º de setembro -o que foi recusado.
Ontem, houve reunião de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, que acabou sem acordo. Após o encontro, o sindicato decidiu, em assembléia, manter a paralisação.
A entidade, filiada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), diz que manterá a greve enquanto o Metrô, sob a gestão José Serra (PSDB), não atender aos seus pedidos. A empresa afirma que chegou ao seu limite, pois já gasta 67% dos recursos com folha de pagamento. Hoje haverá nova assembléia.
O sindicato dos metroviários criticou o esquema de emergência adotado pelo Metrô.
"Eles utilizaram pessoas que não estavam acostumadas a manusear os trens, colocando em risco a segurança dos usuários", disse o diretor do sindicato Manuel Xavier Lemos Filho.
O diretor do Metrô Sergio Avelleda nega. "Os trens foram operados por supervisores, pessoas em cargos de chefia e por instrutores, pessoas que já operaram trens e ainda receberam treinamento três dias antes da greve." (FÁBIO TAKAHASHI, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, JOHANNA NUBLAT E RAFAEL TARGINO)


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