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Airbus da TAM teve problema na turbina no dia do acidente
Avião foi levado para a manutenção pela companhia e liberado para voar quatro horas antes da tragédia em SP
Empresa aérea afirmou, genericamente, que não houve "nada de anormal" com a aeronave nos 90 dias anteriores ao acidente
LEILA SUWWAN
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Airbus-A320 que explodiu
em Congonhas em 17 de julho
teve um problema com a turbina esquerda na tarde do acidente, foi levado à manutenção
pela TAM e liberado para voar
quatro horas antes de escapar
da pista e bater em um prédio.
O mesmo avião teve também,
em 12 de julho, um problema
com o ponto morto das turbinas, cuja falha é central na investigação do acidente.
Informado, o vice-presidente
técnico da TAM, Ruy Amparo,
afirmou que não houve "nada
de anormal" com o avião nos 90
dias anteriores ao acidente (leia
texto nesta página).
O problema com a turbina
esquerda foi detectado pelo piloto do vôo 3219, que fez o trecho Confins-Congonhas no dia
do acidente. Após pousar, reportou queixa relativa ao "motor #1" -referência à turbina
esquerda- na ficha de checagem de trânsito da aeronave.
No acidente, foi o motor esquerdo que apresentou uma labareda no fim da pista, antes da
colisão. Essa é a turbina que teria funcionado normalmente e
cujos manetes teriam sido manuseados pelos pilotos corretamente, conforme os dados preliminares da caixa-preta.
O documento é uma espécie
de controle interno e é preenchido por pilotos e mecânicos
após cada vôo. Essa ficha em
particular, analisada pela CPI
do Apagão Aéreo, está quase
ilegível, dificultando a identificação do que preocupou o piloto. A queixa é de que o equipamento chegou à temperatura
de 300C e apareceu algum indicador relativo ao combustível, mas não está claro qual.
Foram realizadas duas checagens rápidas. Nenhuma falha
foi constatada. Ainda assim, a
próxima ficha registra entrada
do avião na manutenção, onde
foi feita uma checagem de rotina. A aeronave foi liberada para
vôo às 14h47.
Às 15h21, os pilotos Kleyber
Lima e Henrique Stephanini di
Sacco levaram esse A320 a Porto Alegre. Não registraram nenhum problema. Partiram de
volta para Congonhas no vôo
3054, que não conseguiu frear
na pista e colidiu com um prédio próximo ao aeroporto.
Não é possível afirmar que
havia algo com a turbina esquerda que possa ter contribuído para o acidente, mas a hipótese será investigada pela Aeronáutica. A outra turbina, direita, era a que tinha o reversor
inoperante e travado desde o
dia 13. E é nesse motor que
ocorreu uma aceleração incorreta antes do pouso e cujo manete estava em posição errada,
segundo a caixa-preta.
Vibração
Um problema no uso do ponto morto também aparece nas
fichas de controle de trânsito
do avião. Em 10 de julho, o piloto do vôo 3201 (Confins-Congonhas) reportou dificuldade
ao fazer uma manobra.
Diz a ficha: "Ao iniciar a descida do nível de vôo 260 [26 mil
pés], notei uma vibração severa
de motor em ponto morto, sem
indicação de que o controle de
manutenção automática de potência estivesse desligado, e a
vibração parou quando as turbinas foram aceleradas".
Foi realizada uma "inspeção
visual" na aeronave. O responsável, identificado como André,
a liberou para vôo, mas pediu
que a questão fosse monitorada. Esse problema também levou o avião para checagem.
No dia do acidente, o A320
teve problemas com o trem de
pouso no aeroporto de Campo
Grande. Ontem, o presidente
da TAM, Marco Antonio Bologna, disse que o problema foi
corrigido imediatamente.
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