São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Airbus da TAM teve problema na turbina no dia do acidente

Avião foi levado para a manutenção pela companhia e liberado para voar quatro horas antes da tragédia em SP

Empresa aérea afirmou, genericamente, que não houve "nada de anormal" com a aeronave nos 90 dias anteriores ao acidente

LEILA SUWWAN
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Airbus-A320 que explodiu em Congonhas em 17 de julho teve um problema com a turbina esquerda na tarde do acidente, foi levado à manutenção pela TAM e liberado para voar quatro horas antes de escapar da pista e bater em um prédio.
O mesmo avião teve também, em 12 de julho, um problema com o ponto morto das turbinas, cuja falha é central na investigação do acidente.
Informado, o vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, afirmou que não houve "nada de anormal" com o avião nos 90 dias anteriores ao acidente (leia texto nesta página).
O problema com a turbina esquerda foi detectado pelo piloto do vôo 3219, que fez o trecho Confins-Congonhas no dia do acidente. Após pousar, reportou queixa relativa ao "motor #1" -referência à turbina esquerda- na ficha de checagem de trânsito da aeronave.
No acidente, foi o motor esquerdo que apresentou uma labareda no fim da pista, antes da colisão. Essa é a turbina que teria funcionado normalmente e cujos manetes teriam sido manuseados pelos pilotos corretamente, conforme os dados preliminares da caixa-preta.
O documento é uma espécie de controle interno e é preenchido por pilotos e mecânicos após cada vôo. Essa ficha em particular, analisada pela CPI do Apagão Aéreo, está quase ilegível, dificultando a identificação do que preocupou o piloto. A queixa é de que o equipamento chegou à temperatura de 300C e apareceu algum indicador relativo ao combustível, mas não está claro qual.
Foram realizadas duas checagens rápidas. Nenhuma falha foi constatada. Ainda assim, a próxima ficha registra entrada do avião na manutenção, onde foi feita uma checagem de rotina. A aeronave foi liberada para vôo às 14h47.
Às 15h21, os pilotos Kleyber Lima e Henrique Stephanini di Sacco levaram esse A320 a Porto Alegre. Não registraram nenhum problema. Partiram de volta para Congonhas no vôo 3054, que não conseguiu frear na pista e colidiu com um prédio próximo ao aeroporto.
Não é possível afirmar que havia algo com a turbina esquerda que possa ter contribuído para o acidente, mas a hipótese será investigada pela Aeronáutica. A outra turbina, direita, era a que tinha o reversor inoperante e travado desde o dia 13. E é nesse motor que ocorreu uma aceleração incorreta antes do pouso e cujo manete estava em posição errada, segundo a caixa-preta.

Vibração
Um problema no uso do ponto morto também aparece nas fichas de controle de trânsito do avião. Em 10 de julho, o piloto do vôo 3201 (Confins-Congonhas) reportou dificuldade ao fazer uma manobra.
Diz a ficha: "Ao iniciar a descida do nível de vôo 260 [26 mil pés], notei uma vibração severa de motor em ponto morto, sem indicação de que o controle de manutenção automática de potência estivesse desligado, e a vibração parou quando as turbinas foram aceleradas".
Foi realizada uma "inspeção visual" na aeronave. O responsável, identificado como André, a liberou para vôo, mas pediu que a questão fosse monitorada. Esse problema também levou o avião para checagem.
No dia do acidente, o A320 teve problemas com o trem de pouso no aeroporto de Campo Grande. Ontem, o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, disse que o problema foi corrigido imediatamente.


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