São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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Metodologia do novo índice é favorável às cidades paulistas

Cálculo da Firjan leva em conta indicadores de educação, como o exame do Ideb e o percentual de professores com ensino superior

Já o IDH municipal considera, por exemplo, analfabetismo e taxas de matrícula; por esse indicador, cidades da região sul têm maior destaque


DA SUCURSAL DO RIO

A comparação com os resultados do IDH dos municípios para o ano 2000 mostra que a metodologia de cálculo do novo índice da Firjan é bastante favorável às cidades paulistas.
O IDH municipal foi elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento com base nos censos do IBGE. Por isso, o último dado disponível é o de 2000. Como a Firjan fez um cálculo retroativo para 2000, é possível confrontar os dois índices.
Ambos trabalham com as mesmas dimensões (educação, saúde e renda), mas com indicadores diferentes.
Pelo IDH, os municípios que mais se destacavam na lista dos cem mais desenvolvidos eram da região Sul, especialmente do Rio Grande do Sul (33 cidades entre as melhores) e Santa Catarina (27 cidades).
São Paulo era o terceiro com mais municípios entre os melhores: 25. Já pela Firjan, o domínio paulista é incontestável, com 78 cidades entre as cem melhores em 2000.
Em educação, entram no cálculo da Firjan o percentual de docentes com nível superior, a média de horas de aula diárias, a taxa de distorção idade-série e os resultados do Ideb (índice de qualidade do MEC).
Já no caso do IDH, a base para o índice de educação são as taxas de analfabetismo e de matrícula -em que SP tem desempenho próximo ao de outros Estados desenvolvidos.
"O IDH foi elaborado para comparar países. No caso brasileiro, nosso entendimento foi o de que, para a educação, o principal desafio é a qualidade, já que a freqüência à escola no ensino fundamental está quase universalizada", diz Patrick Carvalho, chefe da divisão de estudos econômicos da Firjan.
No caso da saúde, o órgão usa dados anuais do Ministério da Saúde -como número de consultas de pré-natal, óbitos por causas mal definidas e óbitos infantis por causas evitáveis.
No IDH, essa dimensão é pesquisada pela expectativa de vida, que, para os municípios, só pode ser calculada em todas as cidades em anos de censo.
Para o economista Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Estatísticas Econômicas e Sociais das Relações Raciais -e que já fez diversos estudos a partir do IDH-, isso também ajuda a explicar por que os municípios do Sul se saem melhor no IDH. A longevidade é um diferencial dessas cidades no ranking, disse.
Por último, no quesito renda, o IDH utiliza dados da renda per capita, que incluem a renda do trabalho informal e de outras fontes. Já na Firjan, a renda é pesquisada pelo número de empregos formais e pelos salários desse setor. O trabalho informal, portanto, fica de fora.
"Para atualizar anualmente o índice, tivemos que trabalhar com os dados do Ministério do Trabalho. Porém, mesmo que captassem também o informal, discutiríamos se valeria a pena incluir, já que o desenvolvimento que queremos é baseado no setor formal", diz Carvalho.
Para Paixão, o mais interessante do indicador da Firjan é a chance de acompanhar a evolução anual. Ele diz, no entanto, que o índice, como qualquer outro, está sujeito a limitações.
No caso de renda e emprego, ele lembra que os dados do Ministério do Trabalho deixam de fora não só o trabalho informal, mas outras formas de ocupação não necessariamente ruins, como a de empregadores ou profissionais liberais.
Já no caso das estatísticas do Ministério da Saúde, Paixão afirma que é preciso considerar que há um percentual significativo de subnotificações em algumas regiões. "Isso não invalida a proposta e os resultados gerados. Apenas os pondera."


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