São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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Brasileiros têm "prova de longa distância" para chegar à China

Torcedores pagaram no mínimo US$ 7.000 pelo pacote de 6 noites para ver os Jogos

RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA

É uma prova de longa distância. E com uma porção de obstáculos. A começar pela maratona de 22 horas de vôo que separam São Paulo de Pequim, sem contar o tempo de espera em escalas. Para os atletas brasileiros que vão lutar por medalhas nos Jogos, a competição começa oficialmente na sexta-feira e só acaba no dia 24. Já para os turistas brasileiros que carimbaram o passaporte para a China, a competição também exigiu preparação.
Pagaram no mínimo US$ 7.000 (R$ 10.950) pelo pacote básico de seis noites -incluindo aéreo, hospedagem e três ingressos- por uma viagem que alia a emoção do esporte, a aventura por um país de hábitos exóticos e a imersão numa cultura milenar. O mais caro chega a US$ 17 mil (R$ 26.575). Só a Tamoyo, agência de turismo oficial encarregada de comercializar os bilhetes para os Jogos, vendeu 750 pacotes de viagem.
O engenheiro civil José Manuel Fuente, 45, vai "investir" R$ 15 mil para estar lá. Não vai brigar por medalha em sua quinta Olimpíada. Estará, sim, disputando uma vaga de voluntário. Para tanto, estudou mandarim, sozinho, diariamente.

Idioma
A língua é um dos maiores desafios para os turistas que estão indo para a China. Para vencer as armadilhas do idioma e seus milhares de ideogramas, a fisioterapeuta Maria Emília Mendonça, 52, e o seu marido, o empresário Daniel Burd, 42, contrataram uma professora.
"A pronúncia do Daniel está muito boa", elogia Maria Emília. "A idéia era saber como se constroem as frases, como eles pensam. Aprendemos a falar coisas básicas", diz ele.
Na segunda-feira passada, eles embarcaram para Hong Kong, primeira parada da viagem de 19 dias. A aclimatação na ilha que voltou ao domínio chinês ia durar dois dias.
Também marinheiros de primeira viagem, sete parentes e amigos do nadador César Cielo, 21, vão estrear no ambiente exótico dos jogos na China. Os pais do atleta, o médico César Cielo, 50, e a professora de educação física Flávia Maria, 41, partem rumo a Pequim na próxima quinta, dia 7.
Tão logo desembarquem, os Cielo vão começar a corrida pelos ingressos. "Nós vamos na raça conversar com os cambistas chineses", diz César, o pai, que para ver as braçadas do filho na piscina olímpica pagaria oficialmente US$ 150 (R$ 234) pelo ingresso. Na hora da competição, este valor pode chegar a até US$ 1.000 (R$ 1.560).
A comitiva dos Cielo se completa com a caçula Fernanda, 17, e uma casal de amigos e seus dois filhos. O grupo conseguiu hospedagem e passagem a US$ 3.000 (R$ 4.690) por pessoa, depois de terem esbarrado em pacotes que chegavam a US$ 7.500 (R$ 11.725).
A vantagem na largada anima a torcida de Cielo, que está preocupada com a exótica culinária chinesa, como pratos à base de barbatana de tubarão e carne de pomba. "Temos recebido e-mails pra caramba dos amigos com fotos de comida bizarra", conta o analista de sistemas Sérgio Prodicimo, 49, amigo dos pais de Cielo e organizador da viagem.
O entorno dos Jogos é o principal atrativo para os "caçadores de tendências" Rony Rodrigues, 29, e João Paulo Cavalcanti, 25. "Meu objetivo é muito muito mais observar o comportamento e a relação da população com a paixão olímpica", afirma Rony, que desembarca com seu "olhar antropológico" em Pequim, no dia 6.
A dupla é sócia da Box 1.824, empresa que realiza pesquisas de tendência e consumo para desenvolvimento de produtos de marcas como TIM, Nike, Pepsico, Fiat e Grendene. "Viajamos para nos atualizar, sempre com o foco em nossos clientes", diz Cavalcanti.


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