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Gol cancela voos sucessivos e deixa milhares nos aeroportos
Com falta de tripulantes, empresa diz que ainda não sabe quando situação vai se normalizar
Até a meia-noite, 12,5% dos voos previstos para o dia haviam sido cancelados; em metade havia registro de atraso
MARIANA BARBOSA
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO
DIANA BRITO
DO RIO
No último fim de semana
das férias escolares, milhares
de passageiros foram afetados por sucessivos cancelamentos e atrasos de voos da
Gol em todo o país.
Em efeito cascata, devido à
falta de tripulantes, os problemas começaram na sexta-feira e chegaram ao auge ontem, com 102 voos cancelados até a meia-noite (12,5%
dos voos domésticos), chegando a 318 baixas no total
dos últimos quatro dias.
No domingo e ontem, mais
da metade dos voos da companhia estavam atrasados.
Quem tem voo marcado
para hoje ou para os próximos dias também pode ser
afetado. A empresa não diz
quando a situação deverá se
normalizar. Também não informou qual é o número de
passageiros afetados.
No Rio, houve protestos no
aeroporto internacional Tom
Jobim durante a madrugada
de ontem.
Os passageiros se diziam
irritados com a demora para
o cumprimento de exigências legais, como a distribuição de vale-alimentação e
autorização de hospedagem
em hotel.
O turista argentino Diego
Martin Diaz foi um dos prejudicados. Depois de passar férias no Rio, voltaria para seu
país na noite de domingo.
Sem voo, só conseguiu se
hospedar em hotel depois
das 3h, quando a Gol liberou
o pagamento da diária.
Em São Paulo, também foram muitas as queixas, por
motivos semelhantes.
No Juizado Especial do aeroporto de Cumbica, foram
muitas as reclamações de
clientes. Sem conciliação, algumas delas resultaram em
abertura de processo.
Sem ter recebido tíquetes
de alimentação, membros da
família Marchesi se apoiavam sobre caixas cheias de
peixes que tinham pescado
em MT. "Já apodreceu tudo",
dizia um deles.
FALTOU TRIPULAÇÃO
A Gol confirma que boa
parte dos cancelamentos
aconteceu porque não havia
funcionários disponíveis, já
que o número de horas trabalhadas nos últimos tempos
chegou ao limite do máximo
previsto pela regulamentação da profissão.
O Sindicato Nacional dos
Aeronautas (SNA), que representa comandantes e comissários, diz que muitos estavam trabalhando além do
limite.
"Se não tivesse parado,
poderíamos ter tido acidentes. Tinha gente voando quatro madrugadas seguidas",
diz o secretário-geral do SNA,
Sérgio Dias.
Pela regulamentação da
profissão, os tripulantes podem trabalhar até 85 horas
por mês, desde que não passe de 240 horas no trimestre.
Segundo a empresa e o
sindicato, a situação foi agravada com a implementação
de um programa de computador usado para coordenar a
escala da tripulação com a
rota dos aviões.
De acordo com o secretário-geral do SNA, que também é comandante da Gol, o
software, desenvolvido pela
Lufthansa, programou escalas para a tripulação que a levaram a trabalhar muito
mais do que o normal.
AMEAÇA DE GREVE
Funcionários da Gol ameaçam, há vários dias, entrar
em greve no dia 13, por diversas reivindicações, inclusive
salariais.
Nas últimas duas semanas, representantes do sindicato tiveram duas reuniões
com a Gol. Mais uma deverá
acontecer nesta semana.
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