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FOCO
Grupo gay ameaçar pichar suástica em placa de rua com nome de homofóbico
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO
Uma rua de Salvador está
no meio de uma polêmica entre a prefeitura e a ABGLT
(Associação Brasileira de
Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais).
A José Augusto Berbert de
Castro, na periferia da capital
baiana, ganhou esse nome
em homenagem a um conhecido homofóbico da cidade.
A associação enviou na semana passada um ofício pedindo que a prefeitura revogasse a lei que batiza a rua
com o nome do jornalista, escritor, crítico de cinema e homofóbico assumido.
Segundo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia,
durante anos o jornalista foi
responsável por publicar no
jornal baiano "A Tarde" frases como "matar veados não
é homicídio, é caçada" e
"mantenha Salvador limpa:
mate uma bicha todo dia".
Mott afirma que, se a lei
não for revogada até a próxima Parada Gay de Salvador,
no dia 12 de setembro, o Grupo Gay da Bahia fará um ato
de desobediência civil e pichará o símbolo da suástica
sobre o nome do jornalista.
A também jornalista e neta
de Berbert, Paula, chegou a
pedir desculpas a Mott pelas
declarações do avô. Ela conta
que ele usava um boné com a
inscrição "Berbert: Exterminador de Veados" para praticar corrida.
"Uma vez, vendo o filme
"Brokeback Mountain" [sobre
o amor entre dois caubóis
gays], ele disse: "Olha lá! Começou! Que repugnante!'"
A neta, porém, diz que reduzir o avô, morto no último
dia 22, apenas ao seu "ativismo às avessas" seria injusto.
Ele também era médico e,
segundo a neta, o segundo
autor baiano que mais vendeu livros em seus lançamentos, perdendo apenas
para Jorge Amado, de quem
era amigo.
O autor do projeto de lei
que deu o nome do jornalista
à rua, vereador Pedro Godinho (PMDB-BA), diz que não
vê motivo para revogar a lei e
que a homenagem se refere
apenas à trajetória profissional do baiano.
"Já fui duas vezes à Parada
Gay de Salvador e não concordo com as posições pessoais dele."
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