São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2011

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Após 83 dias de campanha, área de proteção aos pedestres tem falhas

Faixas de travessia apagadas e desinformação entre agentes de trânsito são alguns dos problemas

Marronzinhos da CET vão começar a multar motoristas infratores a partir de segunda-feira no centro de São Paulo

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Quando o veículo da Folha freou antes da faixa de pedestres desbotada, quatro carros e uma motocicleta que vinham atrás pararam juntos. O homem que esperava para atravessar a rua olhou sem acreditar e só deu o primeiro passo, ressabiado, após muita insistência.
A cena "de primeiro mundo", como classificou o motorista do jornal, ainda é exceção na área de proteção onde a prefeitura realiza a campanha de respeito ao pedestre, no centro paulistano.
Desde 11 de maio, agentes de tráfego tentam conscientizar motoristas a obedecer as regras do Código de Trânsito Brasileiro e mostrar aos pedestres que eles têm, sim, preferência na travessia em alguns casos.
A partir de segunda-feira da semana que vem, os marronzinhos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vão começar a multar o motorista que desrespeitar quem anda a pé no centro.
Ontem, porém, a cinco dias do início das punições, nem todos os agentes de trânsito sabiam exatamente como registrar as infrações.
De cinco ouvidos pela Folha, três não tinham dados sobre gravidade e tipo de infrações. Também ignoravam a data de início das multas.
Além disso, faixas de travessia estavam praticamente apagadas no chão. Algumas, como uma logo atrás da Catedral da Sé, cartão-postal da cidade, nem sequer existiam.
Ali perto, na rua Conselheiro Furtado, a situação é idêntica: via recapeada há 15 dias, várias placas informando sobre de quem é preferência e nenhuma faixa de pedestres nos cruzamentos.
"Por isso só atravesso quando estou com um monte de gente. Os motoristas não respeitam, não!", diz a varredora Maria José da Silva, 65, que não confia nem no uniforme laranja-berrante para se fazer enxergar.

CORRENDO
Embora alguns pedestres já tenham aprendido a sinalizar com a mão para impor a travessia, a maioria é receosa e até insiste para que o motorista passe primeiro. "Se param, eu vou correndo, com medo de acelerarem", afirma o office boy Wesley, 19.
Existem ainda os motoristas que preferem não parar quando percebem que o carro ao lado está acelerando.
"Se eu parar, o pedestre vier e o carro ao lado não parar, vou colocar o pedestre em risco", afirma o contador Manzione Barbosa, 45. Taxistas e motoristas de ônibus aderiram a campanha, mas dizem que ela deveria punir o pedestre que abusa.


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