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BAHIA
Religioso permitiu obra em patrimônio histórico após esperar 6 anos por restauração do Iphan
Frade é alvo de processo por reformar igreja
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Depois de aguardar por quase
seis anos a restauração da igreja
de São Francisco, uma das mais
importantes obras da arquitetura
barroca luso-brasileira, frei Lucas
Dolle, 73, foi processado pelo
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional)
por autorizar reformas no local.
Dolle permitiu a intervenção
em capela anexa à igreja, inaugurada em 1720. Ele deverá depor à
Justiça na próxima semana.
"Passei muito tempo pedindo
ao Iphan a liberação de verbas para recuperar a capela", disse Dolle, que é alemão. Revoltado com a
demora, ele gastou R$ 20 mil para
substituir por concreto o assoalho
apodrecido de uma sala de 40 m2,
usada para depósito.
O frei autorizou a colocação de
laje pré-moldada sob o telhado da
capela. "A antiga estrutura, de
madeira, estava infestada de cupins e causava infiltração."
Ao tomar conhecimento da intervenção, a diretoria do Iphan
encaminhou ao Ministério Público uma ação contra o frei. O Ministério Público, então, recomendou à Justiça Federal a abertura de
um processo contra Dolle. Por decisão da Justiça, as obras foram
embargadas.
Dolle foi processado com base
em uma lei de 1937, que considera
crime a realização de obras em
bens tombados sem autorização
prévia dos órgãos do patrimônio.
Segundo notificação da Justiça,
Dolle terá de refazer as obras com
aspecto e material originais. Ele
pode ser condenado a um ano de
prisão. O religioso contratou uma
advogada para se defender e mover uma ação contra o Iphan.
"Por causa da burocracia e morosidade do Iphan, o convento
perdeu 11 volumes das obras de
Santo Agostinho, em latim e grego, editadas em Portugal no início
do século 17", disse o frei. Segundo ele, outros 200 livros -alguns
com mais de 250 anos- ficaram parcialmente destruídos por causa de infiltrações.
Pelo cronograma do Iphan, a restauração da igreja só deverá ser iniciada em 2004. A Agência Folha tentou falar ontem com a superintendente do órgão na Bahia, Adalgisa Maria Bonfim D'Eça. Sua secretária informou que ela só poderia comentar o caso hoje.
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