São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2007

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Brasil tem 3,5 vezes mais acidentes aéreos que a média mundial

Números são de 2006 e estão em relatório da Associação Internacional em Transporte Aéreo; governo não comentou

Segundo o documento, situação do controle de tráfego aéreo é "instável, ineficiente e compromete a segurança dos vôos"

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil teve, no ano passado, 3,5 vezes mais acidentes do que a média mundial e o controle de tráfego aéreo compromete a segurança dos vôos, afirma relatório da Iata (sigla em inglês para Associação Internacional em Transporte Aéreo) a que a Folha teve acesso.
O documento foi encaminhado ao Ministério da Defesa, às companhias e ao Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) sobre a situação do transporte aéreo no país.
A Iata é uma associação internacional de companhias aéreas sem fins lucrativos que reúne 244 membros -elas representam 94% do transporte aéreo regular internacional.
O país teve uma média de 2,25 acidentes por milhão de trechos voados, diz o relatório. A média mundial foi de 0,65 e a da América Latina, de 1,80.
"O número de incidentes reportados pelas empresas aéreas confirma a percepção de que a situação do controle de tráfego aéreo é instável, ineficiente e, de fato, compromete a segurança dos vôos", diz um trecho do documento.
A Iata prevê que a crise deva se estender e que o país poderá sofrer impactos no turismo e, em última instância, na conectividade com o mundo.
Após o relatório, a Iata enviou uma equipe de especialistas para uma visita técnica de operações nos principais aeroportos. Entre os objetivos de curto prazo listados no documento, a associação aponta o aperfeiçoamento da infra-estrutura nos principais aeroportos, incluindo pistas, áreas de taxiamento e pátios, além da implementação de um plano para diminuir os problemas do controle de tráfego aéreo.
Outras medidas indicadas são a solução dos problemas políticos e trabalhistas sobre os controladores de vôo e a melhoria no nível de proficiência em inglês dos profissionais.
Segundo o relatório, bastante favorável às companhias aéreas, a falta de um plano de contingência afeta as operações das empresas quanto à confiabilidade e eficiência.
Sobre o sistema aeroportuário, afirma ser preciso novos investimentos. O relatório defende ainda uma discussão das tarifas aeroportuárias.

Inconsistência
A Iata avalia no documento que há falta de consistência em relação a medidas de segurança, que expõem as empresas aéreas a riscos adicionais e que as obrigam a implementar controles próprios de segurança.
Entre os aspectos estão a falta de diretrizes objetivas quanto ao transporte de líquido e gel e de consistência nos controles de segurança de passageiros, bagagem e cargas nos grandes aeroportos internacionais. Sobraram críticas também para as filas de emigração e imigração no Tom Jobim e em Guarulhos e ainda para o excesso de passageiros no check-in de Guarulhos nos horários de maior movimento.
Procurado, o Ministério da Defesa não se pronunciou.


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