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Brasil tem 3,5 vezes mais acidentes aéreos que a média mundial
Números são de 2006 e estão em relatório da Associação Internacional em Transporte Aéreo; governo não comentou
Segundo o documento, situação do controle de tráfego aéreo é "instável, ineficiente e compromete a segurança dos vôos"
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil teve, no ano passado,
3,5 vezes mais acidentes do que
a média mundial e o controle de
tráfego aéreo compromete a segurança dos vôos, afirma relatório da Iata (sigla em inglês para Associação Internacional em
Transporte Aéreo) a que a Folha teve acesso.
O documento foi encaminhado ao Ministério da Defesa,
às companhias e ao Snea (Sindicato Nacional das Empresas
Aeroviárias) sobre a situação
do transporte aéreo no país.
A Iata é uma associação internacional de companhias aéreas sem fins lucrativos que
reúne 244 membros -elas representam 94% do transporte
aéreo regular internacional.
O país teve uma média de
2,25 acidentes por milhão de
trechos voados, diz o relatório.
A média mundial foi de 0,65 e a
da América Latina, de 1,80.
"O número de incidentes reportados pelas empresas aéreas confirma a percepção de
que a situação do controle de
tráfego aéreo é instável, ineficiente e, de fato, compromete a
segurança dos vôos", diz um
trecho do documento.
A Iata prevê que a crise deva
se estender e que o país poderá
sofrer impactos no turismo e,
em última instância, na conectividade com o mundo.
Após o relatório, a Iata enviou uma equipe de especialistas para uma visita técnica de
operações nos principais aeroportos. Entre os objetivos de
curto prazo listados no documento, a associação aponta o
aperfeiçoamento da infra-estrutura nos principais aeroportos, incluindo pistas, áreas de
taxiamento e pátios, além da
implementação de um plano
para diminuir os problemas do
controle de tráfego aéreo.
Outras medidas indicadas
são a solução dos problemas
políticos e trabalhistas sobre os
controladores de vôo e a melhoria no nível de proficiência
em inglês dos profissionais.
Segundo o relatório, bastante favorável às companhias aéreas, a falta de um plano de
contingência afeta as operações das empresas quanto à
confiabilidade e eficiência.
Sobre o sistema aeroportuário, afirma ser preciso novos
investimentos. O relatório defende ainda uma discussão das
tarifas aeroportuárias.
Inconsistência
A Iata avalia no documento
que há falta de consistência em
relação a medidas de segurança, que expõem as empresas aéreas a riscos adicionais e que as
obrigam a implementar controles próprios de segurança.
Entre os aspectos estão a falta de diretrizes objetivas quanto ao transporte de líquido e gel
e de consistência nos controles
de segurança de passageiros,
bagagem e cargas nos grandes
aeroportos internacionais. Sobraram críticas também para
as filas de emigração e imigração no Tom Jobim e em Guarulhos e ainda para o excesso de
passageiros no check-in de
Guarulhos nos horários de
maior movimento.
Procurado, o Ministério da
Defesa não se pronunciou.
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