São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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SP e RJ discutem construir rodovia paralela à Dutra

Idéia foi sugerida pelo governador José Serra ao colega fluminense, Sérgio Cabral Filho

Para o governo paulista, via desafogará a Dutra e servirá de opção para chegar a cidades de intenso turismo religioso, como Aparecida


DA REPORTAGEM LOCAL
DE LONDRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Os governos de São Paulo e do Rio realizam até a próxima semana a primeira reunião para discutir o projeto conjunto para construir uma rodovia entre as capitais dos dois Estados, com traçado paralelo à via Dutra (BR-116).
A idéia da nova estrada, com custo estimado em R$ 3,1 bilhões, foi encaminhada pelo governador paulista, José Serra (PSDB), ao colega fluminense, Sérgio Cabral Filho (PMDB). Cada um arcaria com pouco mais de 130 km. "A gente tem que pensar no futuro. Aqui em São Paulo tinha a Anhangüera e fizeram a Bandeirantes. Hoje, as duas estão lotadas", disse o governador paulista.
Cabral afirmou ontem que só foi informado na semana passada da proposta de Serra e disse que ela é "bem-vinda". "Ele me ligou e falou: "Sérgio, o que você acha de uma nova rodovia ligando São Paulo ao Rio?'", contou. Mesmo fazendo elogios à iniciativa, Cabral lembrou que existem outros projetos de ligação entre São Paulo e o Rio e que a idéia depende de uma análise mais detalhada.
"Qualquer proposta que aumente a ligação e fortaleça essas duas regiões tão importantes é bem-vinda. Só temos de analisar custo, viabilidade financeira. Tem também o projeto do trem-bala Rio-São Paulo", afirmou, em Londres.
Serra disse não ver incompatibilidade entre os projetos. "Não competem. Trem-bala é trem rápido, muito rápido. Não vai ficar parando em todo lugar nem dar conta de todo o transporte de carga, por exemplo."

Encontro
Apesar de haver um acerto somente preliminar, o secretário dos Transportes paulista, Mauro Arce, se reúne até a próxima semana com o secretário de Obras do Rio, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, que foi incumbido por Cabral de analisar a viabilidade financeira da iniciativa.
Pezão ressaltou que, no momento, há projetos mais urgentes na própria Dutra, como pistas marginais, mas disse acreditar que um novo acesso será importante em curto prazo.
O primeiro encontro, afirma Arce, servirá para trocar dados sobre o tráfego e amadurecer a idéia. Segundo ele, o tronco paulista desafogará a Dutra e servirá de opção para chegar ao chamado "fundo" do Vale do Paraíba, que concentra cidades de intenso turismo religioso, como Aparecida, Cachoeira Paulista e Guaratinguetá.
O ramal partiria do novo prolongamento da rodovia Carvalho Pinto, de 8 km, em Taubaté, na junção com a Oswaldo Cruz (SP-125). Esse trecho será feito pela concessionária que assumir o sistema Ayrton Senna.
Arce comparou o projeto da estrada ao da nova Imigrantes. "Será uma rodovia mais moderna, de traçado menos tortuoso na serra e que passará em uma área de alto desenvolvimento econômico", diz.
O secretário afirma que, mesmo que a ligação não saia do papel em médio prazo, o governo de São Paulo já está convencido da necessidade de levar a Carvalho Pinto pelo menos até Aparecida em um prazo mais curto. Serra não quis falar em prazos. "É uma idéia muito embrionária ainda."

NovaDutra
Procurada para comentar a proposta, a concessionária NovaDutra, que administra a via Dutra, negou em nota que a rodovia esteja saturada e disse não considerar necessária outra rodovia no Vale do Paraíba.
Hoje, a Dutra recebe diariamente uma média de 220 mil veículos entre São Paulo e Arujá, 140 mil veículos entre o Rio e Nova Iguaçu e 80 mil entre São José dos Campos e Taubaté.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, ROGÉRIO PAGNAN, PEDRO DIAS LEITE e CAIO JOBIM)



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