São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Decretada prisão de ex-chefe da SPTrans

Marcelo Liso - 4.mar.2003/Folha Imagem
Carlos Carmona, que presidiu a SPTrans na gestão Marta Suplicy


Carlos Alberto Carmona presidiu empresa de transporte na gestão Marta e continuou atuando com Serra e Kassab

Justiça aceitou denúncias da Promotoria, que o acusa, entre outras coisas, de fraude em licitação e formação de quadrilha

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo decretou a prisão do presidente da SPTrans no governo de Marta Suplicy (PT), Carlos Alberto Tavares Carmona.
Nas gestões do ex-prefeito José Serra (PSDB) e na de Gilberto Kassab (PFL), Carmona continuou na SPTrans. Foi diretor de operações com Serra e agora é assessor da diretoria da empresa que gerencia o transporte público na cidade. É um dos homens de confiança do secretário dos Transportes, Frederico Bussinger.
Ele é acusado por promotores de fraude em licitação, uso de documentação falsa nessa concorrência, formação de quadrilha e estelionato. A Justiça aceitou as acusações da Promotoria.
Carmona perdeu o cargo de diretor de operações na gestão de Serra depois que a Polícia Civil realizou uma operação de busca e apreensão na casa dele em maio de 2005, segundo assessores do ex-prefeito. Já o executivo diz ter saído para não colocar entraves à investigação.
A prisão foi decretada no último dia 26, mas por conta das eleições a ordem não podia ser cumprida. Carmona pode ser preso a partir das 17h de hoje, quando se encerra o prazo estipulado pela lei eleitoral. A lei determina que ninguém deve ser preso cinco dias antes das eleições e dois dias depois. A exceção é a prisão em flagrante.
A juíza Mônica Machado, da 3ª Vara Criminal, determinou que, além de Carmona, outras sete pessoas sejam presas. Há entre elas dois donos de corretoras -Leo Acherboim e Rodolfo da Silva Magalhães.

A garantia era falsa
Carmona, Acherboim e Magalhães são réus num processo criminal por conta da licitação para concessão de ônibus em São Paulo, um negócio de R$ 12,3 bilhões. Acherboim e Magalhães são acusados de comercializar 16 cartas de fiança falsas. Carmona é apontado como cúmplice da dupla: ele é acusado de defender o uso de cartas de fiança do Banco de la Nación Argentina, que depois se revelariam falsas, quando a legislação da prefeitura determina que essas garantias só podem ser fornecidas por bancos com domicílio em São Paulo.
"O Carmona era da prefeitura, mas defendia abertamente os interesses das corretoras que falsificaram as garantias bancárias", diz a promotora Sandra Reimberg, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Ela cuidou das investigações junto com os promotores Roberto Porto e Arthur Pinto de Lemos Jr.
A prefeitura exige cartas de fiança em negócios para poder ser ressarcida caso a empresa vencedora abandone o negócio ou vá à falência.
Carmona é acusado de ter feito lobby para que a prefeitura aceitasse as cartas de fiança do Banco de la Nación Argentina mesmo contra a recomendação da Secretaria das Finanças. Ele chegou a levar um dos empresários acusados de falsificação, Rodolfo da Silva Magalhães, numa reunião na secretaria para tentar convencer os técnicos de que as cartas do banco argentino poderiam ser aceitas com uma pequena acomodação legal: a filial do banco argentino em São Paulo teria de endossar a garantia, e o Banco Central deveria concordar com a operação.
Durante a consulta ao BC, descobriu-se que as 16 cartas de fiança eram falsas. O valor delas era de R$ 216 milhões. O Gaeco estima que a suposta quadrilha ganhou R$ 2,16 milhões com a falsificação, já que o preço habitual desse tipo de garantia é de 1% do valor das cartas.
Os promotores dizem que o secretário dos Transporte de Marta, Jilmar Tatto, autorizou que os contratos de mais de R$ 12 bilhões fossem assinados antes da entrega das garantias.


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