São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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MEC ainda não sabe o que fazer com Enem

Ministério, que cancelou prova após fraude, diz que só na segunda-feira responderá se conseguirá realizar prova em novembro

Governo cobrou consórcio sobre falhas na segurança; parte das provas, mesmo em cidades grandes, estava nas casas dos coordenadores

MARTA SALOMON
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem saber o que fazer para realizar o Enem o mais rápido possível, o Ministério da Educação cobrou ontem do consórcio responsável pela prova explicações sobre o vazamento do exame e de falhas na segurança.
Um dia após cancelar o Enem por conta da fraude, o MEC agora diz que só na segunda-feira responderá se há mesmo condições de realizar o exame em novembro e quais medidas extras de segurança serão adotadas para evitar novo vazamento -a Polícia Federal investiga o caso.
Entre as falhas de segurança apontadas pelo MEC, está o fato de parte das provas, mesmo em municípios grandes, ter sido levada para as casas dos coordenadores. O procedimento, segundo o MEC, só é admitido em casos raros, como em cidades pequenas.
No início da semana, o ministro Fernando Haddad (Educação) também se reunirá com os reitores de instituições que escolheram o Enem como critério de seleção de candidatos.
O resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) substitui o vestibular em 24 universidades federais e é usado como critério de seleção na maioria dos estabelecimentos públicos e particulares do país. Algumas instituições, como a Unicamp, podem deixar de usar o Enem para compor a nota. Na USP, onde o Enem é usado na primeira fase, o resultado precisa chegar à Fuvest em tempo hábil para não comprometer a convocação para a segunda fase, em 14 de dezembro. A nova data do exame ainda pode coincidir com vestibulares e prejudicar os candidatos.
Aproximadamente 4 milhões de alunos se inscreveram para o exame que seria realizado neste final de semana.
Não está descartada a hipótese de o Ministério da Educação cancelar o contrato de R$ 116 milhões com o consórcio Connasel, liderado pela Consultec.
O problema é que, caso rompa o contrato, não haverá tempo para fazer nova licitação e há o risco de não haver empresas interessadas em um contrato emergencial -o prazo exíguo para organizar o exame foi uma das principais críticas feitas ao MEC.

Não quero responder
Questionada sobre o fato de parte dos exames estar guardada nas casas de coordenadores de prova, Itana Marques, diretora da Consultec, esquivou-se: "Este é um caso em que não posso e não quero responder". Ela insistiu que o vazamento foi um ato criminoso, e não produto de falha na segurança. "O que aconteceu foi um caso de polícia e como caso de polícia precisa ser tratado."
Ela informou que o consórcio interrompeu a distribuição das provas e começou a recolher o material que já havia sido entregue para análise da Polícia Federal, que observará a integridade dos lacres.
A declaração foi dada ontem à noite, na primeira pausa da reunião entre dirigentes do consórcio, do MEC e do Inep (órgão do ministério responsável pelo Enem). Após oito horas de discussões, a Folha apurou que o grau de satisfação do MEC em relação às respostas apresentadas pelo consórcio era bastante baixo.
"A ideia é que o problema não se repita, mas a gente ainda não sabe onde é que falhou", disse o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes.
"Todos os critérios de segurança foram executados", disse Itana Marques, sem dar detalhes. "Existem aspectos formais do contrato que prefiro me eximir de abordar."
Fernandes disse que a reunião de ontem não discutiu quem arcará com o prejuízo de R$ 30 milhões devido ao cancelamento. O contrato prevê que o consórcio se responsabilize integralmente pela guarda do sigilo das provas.


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