|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MEC ainda não sabe o que fazer com Enem
Ministério, que cancelou prova após fraude, diz que só na segunda-feira responderá se conseguirá realizar prova em novembro
Governo cobrou consórcio sobre falhas na segurança; parte das provas, mesmo em cidades grandes, estava nas casas dos coordenadores
MARTA SALOMON
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem saber o que fazer para
realizar o Enem o mais rápido
possível, o Ministério da Educação cobrou ontem do consórcio responsável pela prova explicações sobre o vazamento do
exame e de falhas na segurança.
Um dia após cancelar o Enem
por conta da fraude, o MEC
agora diz que só na segunda-feira responderá se há mesmo
condições de realizar o exame
em novembro e quais medidas
extras de segurança serão adotadas para evitar novo vazamento -a Polícia Federal investiga o caso.
Entre as falhas de segurança
apontadas pelo MEC, está o fato de parte das provas, mesmo
em municípios grandes, ter sido levada para as casas dos
coordenadores. O procedimento, segundo o MEC, só é admitido em casos raros, como em cidades pequenas.
No início da semana, o ministro Fernando Haddad (Educação) também se reunirá com os
reitores de instituições que escolheram o Enem como critério de seleção de candidatos.
O resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)
substitui o vestibular em 24
universidades federais e é usado como critério de seleção na
maioria dos estabelecimentos
públicos e particulares do país.
Algumas instituições, como a
Unicamp, podem deixar de
usar o Enem para compor a nota. Na USP, onde o Enem é usado na primeira fase, o resultado
precisa chegar à Fuvest em
tempo hábil para não comprometer a convocação para a segunda fase, em 14 de dezembro.
A nova data do exame ainda pode coincidir com vestibulares e
prejudicar os candidatos.
Aproximadamente 4 milhões
de alunos se inscreveram para
o exame que seria realizado
neste final de semana.
Não está descartada a hipótese de o Ministério da Educação
cancelar o contrato de R$ 116
milhões com o consórcio Connasel, liderado pela Consultec.
O problema é que, caso rompa o contrato, não haverá tempo para fazer nova licitação e
há o risco de não haver empresas interessadas em um contrato emergencial -o prazo exíguo para organizar o exame foi
uma das principais críticas feitas ao MEC.
Não quero responder
Questionada sobre o fato de
parte dos exames estar guardada nas casas de coordenadores
de prova, Itana Marques, diretora da Consultec, esquivou-se:
"Este é um caso em que não
posso e não quero responder".
Ela insistiu que o vazamento
foi um ato criminoso, e não
produto de falha na segurança.
"O que aconteceu foi um caso
de polícia e como caso de polícia precisa ser tratado."
Ela informou que o consórcio interrompeu a distribuição
das provas e começou a recolher o material que já havia sido
entregue para análise da Polícia
Federal, que observará a integridade dos lacres.
A declaração foi dada ontem
à noite, na primeira pausa da
reunião entre dirigentes do
consórcio, do MEC e do Inep
(órgão do ministério responsável pelo Enem). Após oito horas
de discussões, a Folha apurou
que o grau de satisfação do
MEC em relação às respostas
apresentadas pelo consórcio
era bastante baixo.
"A ideia é que o problema
não se repita, mas a gente ainda
não sabe onde é que falhou",
disse o presidente do Inep,
Reynaldo Fernandes.
"Todos os critérios de segurança foram executados", disse
Itana Marques, sem dar detalhes. "Existem aspectos formais do contrato que prefiro
me eximir de abordar."
Fernandes disse que a reunião de ontem não discutiu
quem arcará com o prejuízo de
R$ 30 milhões devido ao cancelamento. O contrato prevê que
o consórcio se responsabilize
integralmente pela guarda do
sigilo das provas.
Texto Anterior: Foco: Documentários fazem "mosaico" de SP a partir de histórias de seus bairros Próximo Texto: Na licitação, pior nota foi na segurança Índice
|