São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Chefe do PCC é condenado a 29 anos de prisão

Para 6 dos 7 jurados, Julinho Carambola, número 2 da facção, ordenou a morte do juiz Antonio Machado Dias, em 2003

Outro acusado de comandar o assassinato, Marcola não compareceu ao júri e deve ser julgado em novembro; cabe recurso à decisão

ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidiário Júlio César Guedes de Moraes, 37, o Julinho Carambola, foi condenado ontem a 29 anos de prisão pela morte do juiz Antonio Machado Dias, em março de 2003. A defesa, que tentou intimidar os jurados, disse que irá recorrer.
Moraes, que já cumpre uma pena somada de 73 anos por uma série de roubos e um triplo homicídio, é apontado pela polícia e pelo Ministério Público como um dos principais chefes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele foi condenado justamente por essa condição de chefia.
De acordo com a denúncia, aceita por seis dos sete jurados, Carambola ordenou, de dentro da prisão, a morte do magistrado. O acusado negou ter mandado matar o juiz e pertencer à facção criminosa.
Outro que responde pelo crime de mando é o também presidiário Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela polícia e pela Promotoria como um dos chefes do PCC.
Marcola deveria ter sido julgado no mesmo júri que terminou ontem, mas seu advogado renunciou à defesa no início dos trabalhos alegando cerceamento. Com isso, Marcola, que não estava presente -ele não quis comparecer, o que a lei autoriza-, será julgado em nova data, possivelmente em novembro.

Embate
Eram quase 5h quando o juiz Alberto Anderson Filho leu a sentença. O réu, como fez durante todo o julgamento, não demonstrou nenhuma reação. Ao ser retirado do plenário, abanou a mão à sua mulher, que assistiu ao julgamento.
Foram quase 15 horas de julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de SP), marcadas pelo esquema de segurança e pelo embate entre o promotor Carlos Roberto Talarico e o advogado de Moraes, Cláudio Márcio de Oliveira.
O promotor optou por um discurso técnico e sem ataques pessoais contra o acusado, a quem chamava de "senhor" e de "vice" (número dois da facção). Mesmo utilizando recursos audiovisuais, sua explanação chegou a ser tediosa em alguns momentos. O advogado de defesa, por sua vez, apoiou-se mais em uma eloquente oratória e em técnicas teatrais.
O que marcou o júri, porém, foi a distinção entre, por um lado, as estratégias do promotor para retirar dos jurados o eventual temor do réu e, por outro, as tentativas do advogado de intimidar os presentes.
Talarico falava sobre "a esperança vencer o medo" e afirmava que seria ele que os criminosos poderiam perseguir.
Já o advogado, usando um discurso de preocupação, alertou os jurados que seus nomes constariam no processo, apesar de todas as referências a eles terem sido feitas com números e letras até aquele momento. Aos jornalistas o advogado negou que tentasse intimidar o júri.


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