São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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ANÁLISE

"Cidade mutante", São Paulo precisa coordenar seus projetos urbanos


EM SÃO PAULO, É COMUM OUVIRMOS QUE BAIRROS PERDERAM A TRANQUILIDADE E O "AR DE CIDADE DO INTERIOR"

KAZUO NAKANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os bairros da cidade de São Paulo estão sempre mudando, tanto aqueles que são ocupados pelas famílias de menor renda quanto os que abrigam as famílias com maior poder aquisitivo.
A cidade é mutante. A construção de novas edificações, a reforma das construções existentes e as intervenções nas vias e redes de infraestruturas alteram paisagens para o bem ou para o mal. Essas mudanças podem valorizar ou desvalorizar os imóveis, melhorar ou piorar a qualidade de vida, atrair ou expulsar grupos específicos de moradores. Algumas vezes provocam desaparecimento ou surgimento de certas atividades econômicas.
As intervenções fazem com que determinados bairros, com certo grau de isolamento em relação aos "ritmos" da cidade, se conectem com o restante dos fluxos e entrem no compasso geral das "dinâmicas" urbanas.
Em São Paulo, é comum ouvirmos que determinados bairros perderam a tranquilidade e certo "ar de cidade do interior" após a abertura de avenidas e linhas de metrô.
Isso acontece porque esses bairros, antes compostos por casas térreas e sobrados, podem ser invadidos por prédios de apartamentos que passam a substituir algumas daquelas casas e por estabelecimentos comerciais que atraem consumidores de todos os lugares. Não podemos analisar as vias e os transportes coletivos separados do uso e ocupação do solo.
Muitos concordam com essa ideia. Há, porém, poucas experiências concretas de planejamento e gestão urbana que procuram manejar os impactos positivos e negativos causados por obras viárias e de transporte coletivo em bairros localizados nas suas áreas de influência.
Infelizmente, os relatórios e estudos de impactos urbanos, ambientais e de vizinhança ainda não são devidamente utilizados na produção e regulação de boas cidades para se viver.


KAZUO NAKANO é arquiteto urbanista, doutorando em demografia na Unicamp


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