São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cemitério da Consolação tem onda de furtos a peças

Alvos são objetos de bronze, como placas

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Quadra 54, sepultura 17, cemitério da Consolação: montinhos de areia indicam o lugar em que estavam até quarta-feira passada dois vasos de bronze de 40 kg.
A poucos passos, no túmulo da família Margutti, um buraco marca a ausência do portão, furtado de quarta para quinta. Atrás, a planta jogada ao chão denuncia outro vaso levado na mesma noite.
Apesar de comuns há pelo menos um ano, os furtos de portões, vasos, jardineiras, placas, alças e até bustos do único cemitério municipal tombado na cidade aumentaram no mês de setembro.
A informação é de funcionários autônomos contratados pelas famílias para fazer a manutenção diária dos jazigos. Oito deles falaram em furtos de mais de 300 peças só no mês passado. Não há números oficiais.
"Está fora de controle, desta magnitude nunca vi", diz Fernando Pinheiro, 34, que limpa túmulos há dez anos.
Os furtos ocorrem inclusive à luz do dia. A última prisão em flagrante foi na manhã de quinta-feira -dia em que sete vasos amanheceram encostados no muro de uma rua próxima ao cemitério.
Segundo um sepultador, há poucos dias um carro encostou na rua da Consolação, às 18h, e dois homens passaram vasos por cima do muro. Três pontos do arame farpado estão amassados, mostrando os lugares mais usados como passagem.
Na madrugada de quarta, levaram o letreiro da família Mesquita Campos, que custou R$ 350 a Sidney Campos, 59. Só sobrou pedra.
"Logo vai ter que ter um guia turístico para mostrar o que foi roubado", ele ironiza.
No mercado de ferro velho, uma peça de bronze é vendida por cerca de R$ 5 o quilo. De cobre, sobe para R$ 9.
Assim, portões de bronze que pesam em torno de 35 kg rendem R$ 175, pagos à vista, no comércio de metais.

SEGURANÇA
Não é difícil entrar pela porta da frente e se esconder no cemitério: a área tem 76,3 mil m˛ e 8.200 túmulos.
Na última quinta, em duas horas de passeio, a Folha não viu nenhum guarda no cemitério. Também não há câmeras no local -promessa da prefeitura desde 2008.
A prefeitura diz que o Serviço Funerário vem intensificando a segurança em todos os cemitérios, com apoio da Guarda Civil, e que houve nove prisões em flagrante neste ano na Consolação.
Afirma também que famílias pagam pela concessão do terreno (R$ 3.173/m˛) e devem custear a conservação e a segurança, isentando o Serviço Funerário de "quaisquer responsabilidades administrativa, civil e criminal" no caso de furtos desses materiais.

Vídeo mostra a onda de furtos no cemitério
folha.com/no983895



Texto Anterior: Acidente: Avião de pequeno porte cai no interior paulista e mata quatro
Próximo Texto: Estudante avisou reitor de ameaças, diz família
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.