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Verba do Paraíba do Sul é retida
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sete meses, a experiência
pioneira da cobrança de água na
bacia de um rio de domínio federal (o Paraíba do Sul, que corta
MG, SP e RJ) arrecadou quase R$
4,2 milhões. O dinheiro, porém,
está retido nos cofres da União
desde meados do ano, por conta
do contingenciamento orçamentário feito pelo governo federal.
Os projetos de saneamento e
melhorias ambientais aprovados
em algumas das 180 cidades ao
longo do Paraíba do Sul -como
as obras de melhoria nas tomadas
de água e de controle de erosão
em Barra Mansa (RJ) e em Ubá
(MG)- só não estão totalmente
parados porque a ANA (Agência
Nacional de Águas) está mandando recursos do seu próprio Orçamento para o Ceivap (Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul).
"Não sabemos até quando vai
durar esse fôlego da ANA, porque
ela tem outras despesas, e nossa
arrecadação tende a crescer. Deve
chegar a pouco mais de R$ 8 milhões até o fim do ano e, em 2004,
aumentar substancialmente, com
a entrada de novos usuários e a
cobrança da água enviada, pelo
rio Guandu, para a região metropolitana do Rio de Janeiro, que representa dois terços do total produzido na bacia", afirma Claudio
Serricchio, coordenador do escritório técnico do Ceivap.
Não há previsão de quando o
Ministério do Planejamento vai
desbloquear as verbas retidas, e o
Ceivap teme que "uma experiência fundamental não só para o
ambiente mas também para a
economia da região morra no
nascedouro", diz Serricchio.
Isso porque há um medo crescente entre as empresas que pagam pela água do Paraíba do Sul
de que o dinheiro demore muito
ou nem volte para a bacia. E o medo pode virar inadimplência.
"Muitas autoridades, talvez por
falta de conhecimento, ainda não
vêem a questão da água como um
problema sério. Por isso temos
deputados em Brasília tentando
sensibilizá-las e enviamos uma
moção ao governo, assinada pela
ministra Marina Silva [Meio Ambiente], pedindo que os recursos
não fiquem retidos." Segundo a
ANA, a União afirmou que o dinheiro vai retornar para o comitê.
Segundo a legislação federal, é a
agência que arrecada os recursos,
que não vão diretamente para os
comitês. Nesse ponto, a lei proposta em São Paulo é considerada
melhor, já que o dinheiro da cobrança vai diretamente para as
contas dos comitês. Na bacia do
Paraíba do Sul, é cobrado R$ 0,02
por mil litros de água captada e
devolvida suja. Já para a que retorna limpa, R$ 0,008.
(MV)
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