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BUSCA
Digitais foram tiradas na terça; cerca de 70 pessoas foram ao hospital em SP para reconhecer homem em coma desde agosto
Doente anônimo esperou 69 dias pela polícia
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A polícia demorou 69 dias para
fotografar e tirar as digitais de um
paciente não identificado que está
em coma em um hospital da zona
sul de São Paulo. Foi só na última
terça-feira, quando a assistência
social do Hospital São Paulo levou
o caso a jornais e televisões, que
policiais foram coletar os dados.
Com os registros, a Delegacia de
Desaparecidos tentará identificar
o homem -branco, de cabelos e
olhos castanhos, cerca de 30 anos
e 1,80 m-, encontrado com traumatismo craniano no dia 23 de
agosto na esquina da rua Funchal
com a avenida Juscelino Kubitschek, no Itaim Bibi, bairro nobre
da zona oeste de São Paulo.
Entre ontem e terça-feira, cerca
de 70 pessoas foram ao hospital
verificar se o rapaz é a pessoa que
buscam. A unidade também recebeu ligações de outras cidades, como Cuiabá, Rio de Janeiro e Brasília, e até consultas da Argentina.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os dados do paciente não foram colhidos antes
porque a prioridade é procurar as
pessoas "requeridas", ou seja,
buscadas pelas famílias. Alguns
parentes de desaparecidos foram
levados ao hospital para ver o homem, justificou a polícia. Segundo a secretaria, a situação ideal seria "atender todo mundo".
Não havia ontem previsão para
a divulgação do retrato falado e a
verificação das digitais.
A polícia estima que mil pessoas
estejam desaparecidas em todo o
Estado. "A mãe quer o Edivaldo
vivo ou morto. Está com depressão", afirmou a dona-de-casa Maria Gomes, 33, que procura o primo Edivaldo e ontem aguardava
na fila para verificar se o homem
internado é o seu parente.
Nos mais de dois meses em que
está no hospital, o desconhecido
perdeu cerca de 20 kg, principalmente de massa muscular, por ficar deitado no leito. Ontem, isso
dificultou as tentativas de reconhecimento.
O promotor de vendas Ronaldo
de Souza, 26, achou o rapaz parecido com o seu primo José Romildo Souza Lima, parente desaparecido em 27 de setembro. Enfermeiras pediram que ele levasse a
mãe do desaparecido ao hospital.
Uma família de Mauá também
prometeu voltar ao hospital com
a mulher do desaparecido.
Segundo o médico Samir Dracoulakis, o paciente teve lesões em
várias partes do cérebro. Continua em coma, mas já respira sem
aparelhos, abre os olhos e responde a testes de dor. "Não há como
saber qual será sua evolução." Interessados no reconhecimento
devem evitar ir ao hospital à noite,
das 15h às 16h e das 19h30 às
20h30, horários de visita.
(FABIANE LEITE E THARSILA PRATES)
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