São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2005

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BUSCA

Digitais foram tiradas na terça; cerca de 70 pessoas foram ao hospital em SP para reconhecer homem em coma desde agosto

Doente anônimo esperou 69 dias pela polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A polícia demorou 69 dias para fotografar e tirar as digitais de um paciente não identificado que está em coma em um hospital da zona sul de São Paulo. Foi só na última terça-feira, quando a assistência social do Hospital São Paulo levou o caso a jornais e televisões, que policiais foram coletar os dados.
Com os registros, a Delegacia de Desaparecidos tentará identificar o homem -branco, de cabelos e olhos castanhos, cerca de 30 anos e 1,80 m-, encontrado com traumatismo craniano no dia 23 de agosto na esquina da rua Funchal com a avenida Juscelino Kubitschek, no Itaim Bibi, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.
Entre ontem e terça-feira, cerca de 70 pessoas foram ao hospital verificar se o rapaz é a pessoa que buscam. A unidade também recebeu ligações de outras cidades, como Cuiabá, Rio de Janeiro e Brasília, e até consultas da Argentina.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os dados do paciente não foram colhidos antes porque a prioridade é procurar as pessoas "requeridas", ou seja, buscadas pelas famílias. Alguns parentes de desaparecidos foram levados ao hospital para ver o homem, justificou a polícia. Segundo a secretaria, a situação ideal seria "atender todo mundo".
Não havia ontem previsão para a divulgação do retrato falado e a verificação das digitais.
A polícia estima que mil pessoas estejam desaparecidas em todo o Estado. "A mãe quer o Edivaldo vivo ou morto. Está com depressão", afirmou a dona-de-casa Maria Gomes, 33, que procura o primo Edivaldo e ontem aguardava na fila para verificar se o homem internado é o seu parente.
Nos mais de dois meses em que está no hospital, o desconhecido perdeu cerca de 20 kg, principalmente de massa muscular, por ficar deitado no leito. Ontem, isso dificultou as tentativas de reconhecimento.
O promotor de vendas Ronaldo de Souza, 26, achou o rapaz parecido com o seu primo José Romildo Souza Lima, parente desaparecido em 27 de setembro. Enfermeiras pediram que ele levasse a mãe do desaparecido ao hospital. Uma família de Mauá também prometeu voltar ao hospital com a mulher do desaparecido.
Segundo o médico Samir Dracoulakis, o paciente teve lesões em várias partes do cérebro. Continua em coma, mas já respira sem aparelhos, abre os olhos e responde a testes de dor. "Não há como saber qual será sua evolução." Interessados no reconhecimento devem evitar ir ao hospital à noite, das 15h às 16h e das 19h30 às 20h30, horários de visita. (FABIANE LEITE E THARSILA PRATES)


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