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SEGURANÇA
Plano é tentar diminuir o número de homicídios em bairros como o Capão Redondo, no extremo sul da capital
Serra quer fechar bares na periferia às 22h
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O prefeito José Serra (PSDB)
anunciou ontem que pretende fechar bares a partir das 22h nas regiões mais violentas de São Paulo
por meio de um acordo com os
pequenos comerciantes, como já
ocorre no Jardim Ângela, no extremo sul da cidade.
Serra anunciou a disposição em
expandir o projeto implementado
no Jardim Ângela durante a 10ª
edição da Caminhada pela Vida e
pela Paz, que reuniu na manhã de
ontem cerca de 8.000 pessoas no
cemitério São Luís, na zona sul.
"A bebedeira é um fator fundamental nos homicídios", disse.
A cidade tem em vigor uma lei,
criada em 1999, que estabelece o
fechamento de bares e casas noturnas que funcionem de portas
abertas, sem isolamento acústico,
sem estacionamento e sem funcionários destinados à segurança
a partir da 1h. A falta de fiscalização, porém, impede o cumprimento da lei municipal.
A medida apresentada ontem
por Serra -que exige a adesão
dos comerciantes- foi vista com
ressalvas por especialistas envolvidos no projeto implementado
na cidade de Diadema, na Grande
São Paulo, que também limitou o
horário de funcionamento por lei
em 2002 (leia texto nesta página).
Desde julho de 2004, o Jardim
Ângela vive um "pacto de paz",
segundo Denis Mizne, do Instituto Sou da Paz. Integrantes de vários órgãos oficiais e entidades sociais se reuniram com os comerciantes para convencê-los de que
o fechamento às 22h evitaria homicídios. "A adesão é voluntária.
Mas ficou claro que, caso ele [comerciante] não aderisse, a fiscalização seria intensificada. A maior
parte dos bares é ilegal", afirmou
Mizne.
Comerciantes
Donos de bares do Capão Redondo (zona sul), região em que o
prefeito buscará fazer o acordo,
discordaram da proposta.
"Não concordo com essa atitude. O prefeito vai querer fechar os
estabelecimentos justamente no
horário que começam a ter movimento? Isso não faz sentido", diz
Rita de Cássia da Silva, 42, dona
de um bar na rua dos Mercantéis.
O comerciante Rogério Rodrigues Neves, 32, dono de um estabelecimento na rua Professora
Eunice de Oliveira, concorda com
Rita. "Durante a semana, o movimento termina cedo, muitas vezes
antes das 22h. Mas, nos finais de
semana, tem gente no bar até as
2h, as 3h da manhã", diz.
Antônia Maria da Silva Mariano, 41, proprietária há 20 anos de
um bar na região, tem opinião diferente da dos colegas. "Acho ótima a idéia. Fecho o meu bar às
21h30. Os assaltos aqui acontecem de manhã, de tarde, de noite.
Essa é a única alternativa para diminuir a violência no bairro", diz.
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