São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2005

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SEGURANÇA

Plano é tentar diminuir o número de homicídios em bairros como o Capão Redondo, no extremo sul da capital

Serra quer fechar bares na periferia às 22h

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

O prefeito José Serra (PSDB) anunciou ontem que pretende fechar bares a partir das 22h nas regiões mais violentas de São Paulo por meio de um acordo com os pequenos comerciantes, como já ocorre no Jardim Ângela, no extremo sul da cidade.
Serra anunciou a disposição em expandir o projeto implementado no Jardim Ângela durante a 10ª edição da Caminhada pela Vida e pela Paz, que reuniu na manhã de ontem cerca de 8.000 pessoas no cemitério São Luís, na zona sul. "A bebedeira é um fator fundamental nos homicídios", disse.
A cidade tem em vigor uma lei, criada em 1999, que estabelece o fechamento de bares e casas noturnas que funcionem de portas abertas, sem isolamento acústico, sem estacionamento e sem funcionários destinados à segurança a partir da 1h. A falta de fiscalização, porém, impede o cumprimento da lei municipal.
A medida apresentada ontem por Serra -que exige a adesão dos comerciantes- foi vista com ressalvas por especialistas envolvidos no projeto implementado na cidade de Diadema, na Grande São Paulo, que também limitou o horário de funcionamento por lei em 2002 (leia texto nesta página).
Desde julho de 2004, o Jardim Ângela vive um "pacto de paz", segundo Denis Mizne, do Instituto Sou da Paz. Integrantes de vários órgãos oficiais e entidades sociais se reuniram com os comerciantes para convencê-los de que o fechamento às 22h evitaria homicídios. "A adesão é voluntária. Mas ficou claro que, caso ele [comerciante] não aderisse, a fiscalização seria intensificada. A maior parte dos bares é ilegal", afirmou Mizne.

Comerciantes
Donos de bares do Capão Redondo (zona sul), região em que o prefeito buscará fazer o acordo, discordaram da proposta.
"Não concordo com essa atitude. O prefeito vai querer fechar os estabelecimentos justamente no horário que começam a ter movimento? Isso não faz sentido", diz Rita de Cássia da Silva, 42, dona de um bar na rua dos Mercantéis.
O comerciante Rogério Rodrigues Neves, 32, dono de um estabelecimento na rua Professora Eunice de Oliveira, concorda com Rita. "Durante a semana, o movimento termina cedo, muitas vezes antes das 22h. Mas, nos finais de semana, tem gente no bar até as 2h, as 3h da manhã", diz.
Antônia Maria da Silva Mariano, 41, proprietária há 20 anos de um bar na região, tem opinião diferente da dos colegas. "Acho ótima a idéia. Fecho o meu bar às 21h30. Os assaltos aqui acontecem de manhã, de tarde, de noite. Essa é a única alternativa para diminuir a violência no bairro", diz.


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