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INTERNET
Entidade estima que mensagens publicitárias quadruplicaram em dois anos e representam 40% do tráfego de e-mails
Usuários da rede pagam a conta do spam
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagine dois exemplos de abusos que você pode sofrer. Uma
empresa empanturra de impressos a sua caixa de correio e obriga
você a pagar pelo selo postal. Uma
outra telefona para sua casa e oferece produtos e serviços e faz a ligação a cobrar.
Essa forma de comportamento
abusivo existe de verdade no
mundo eletrônico. Chama-se
spam, nome dos e-mails com
mensagens publicitárias que o assinante de um provedor de internet recebe sem ter solicitado.
Pode-se achar de tudo nas mensagens. Oferta de produtos de informática, pornografia e prostituição, cassinos virtuais, implante
de dentes ou medicamentos contra frigidez ou impotência.
Detalhe: as grandes marcas
-montadoras de automóveis,
cervejarias, bancos e corretoras
de seguros e títulos- não utilizam spam. Sabem que essas mensagens irritariam o internauta, o
que prejudicaria a imagem empresarial delas.
Funcionam hoje no Brasil pouco mais de 1.200 provedores de
acesso à internet. Entre eles, 350
fazem parte de uma associação
chamada Abranet. A entidade calcula que o spam hoje representa
mais de 40% das mensagens de
correio eletrônico que chegam
aos, segundo pesquisa do Ibope,
14,3 milhões de brasileiros conectados. O spam somava há dois
anos apenas 10% do tráfego de e-mails, diz Roque Abdo, presidente da Abranet. A participação dessas mensagens quadruplicou e
continua crescendo.
Quem paga a conta
Isso tem um custo. E quem paga
é o próprio internauta. Eis como.
1) Os provedores são obrigados
a se equipar com estações suplementares de processamento de e-mails, repassando o custo para assinantes de seus serviços.
2) Segundo o Ibope, 92% dos internautas se conectam por telefone, que é mais lento. Em São Paulo, a Telefônica cobra R$ 0,10257
por impulso de quatro minutos.
Quanto mais "pesado" o spam
em Kbytes -fotografias, arquivos de som-, mais impulsos serão necessários para baixá-los. O
Museu do Spam, site montado
para lutar contra essa prática, calcula que milhares de internautas
paguem de telefone R$ 75 mensais só para receber essa forma indesejada de correio eletrônico.
3) Fazendo o caminho inverso:
um spammer que consiga fazer
chegar sua mensagem de 10
Kbytes (texto e pequena produção gráfica) a 2 milhões de internautas terá provocado, só de despesas telefônicas, um estrago de
R$ 1.710,00. Caso ele faça dez
spams por dia, o estrago custará
tanto quanto um carro popular.
Ou 30 carros populares por mês.
4) Algumas empresas já começam a calcular o quanto o spam
custa para elas em termos de
mão-de-obra, já que os funcionários perdem tempo na leitura das
mensagens antes de deletá-las e
ainda porque o bloqueio num softer como o Outlook Express exige
oito clicadas com o mouse e ainda
a digitação, num campo específico, do nome do spammer ou do
assunto de sua mensagem.
A Abranet é partidária da auto-regulamentação. Os provedores
têm cortado a assinatura de
spammers conectados à rede por
linha telefônica. Mas dependem
das empresas que fornecem as linhas de banda larga para identificar pessoas que transformam
seus próprios computadores em
provedores de e-mail e em seguida praticam o spam.
Colaborou SÍLVIA CORRÊA, da Reportagem Local
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