|
Texto Anterior | Índice
VIOLÊNCIA
Suspeitos atuariam como seguranças do líder da facção Terceiro Comando, que é hoje o traficante mais procurado do Rio
Policiais pagos por Linho são investigados
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Um levantamento reservado
feito pela Cinpol (Coordenadoria
de Inteligência da Polícia Civil do
Rio) indica que 30 policiais militares de três batalhões, três policiais
civis, dois policiais federais, agentes do Desipe (Departamento do
Sistema Penitenciário) e oficiais
do Corpo de Bombeiros estão
atuando como seguranças do traficante mais procurado do Rio,
Paulo César Silva dos Santos, o Linho, 30, líder da facção criminosa
TC (Terceiro Comando).
Segundo as investigações da
Cinpol, os policiais recebem salários mensais que variam entre R$
10 mil e R$ 20 mil para proteger o
criminoso toda vez que ele se desloca de um reduto para outro ou
para outros Estados.
De acordo com a Cinpol, o esquema de segurança é montado
até mesmo quando Linho vai a
restaurantes ou boates.
Os nomes dos envolvidos estão
sendo mantidos em sigilo para
não atrapalhar o trabalho de apuração da polícia.
A Cinpol informou que os PMs
suspeitos de participar do esquema trabalham no 22º, que é responsável pelo policiamento no
complexo de favelas da Maré,
principal reduto de Linho, no 9º
(Rocha Miranda, zona norte) e no
21º (São João de Meriti, Baixada
Fluminense) batalhões.
Deslocamento
O levantamento da Cinpol revela que o traficante passa pelo menos três dias da semana no Rio e
os outros quatro entre os Estados
de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, onde possui negócios.
Segundo a polícia, Linho é dono
de uma transportadora na capital
paulista, que presta serviços também em Estados da região Sul.
Os agentes federais envolvidos
com Linho, diz a Cinpol, facilitam
o embarque do traficante em vôos
nacionais nos aeroportos Santos
Dumont (centro) e Internacional
(Ilha do Governador, zona norte)
ou a passagem dele por blitzes feitas por policiais rodoviários.
As investigações indicam que,
quando está no Rio, Linho passa a
maior parte do tempo no morro
da Pedreira, em Costa Barros (zona norte), onde receberia proteção de policiais do 9º BPM.
A Polícia Civil está planejando
realizar uma operação na favela
para tentar capturar o traficante.
Segundo a Cinpol, Linho tem
circulado também pelos redutos
de Ernaldo Pinto de Medeiros, o
Uê, traficante morto em rebelião
no presídio Bangu 1 (zona oeste)
em 11 de setembro, para oferecer
apoio logístico e armamentos.
Com a morte de Uê, Linho passou a ser o maior rival de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho
Beira-Mar, já que atua também
como atacadistas de drogas.
A Corregedoria Geral Unificada
e a Subsecretaria de Inteligência
da Secretaria Estadual de Segurança Pública também investigam informações passadas por
um ex-traficante.
Segundo o informante, PMs de
três batalhões ajudam a quadrilha
de Linho a invadir redutos da facção rival CV (Comando Vermelho) em troca de propinas que variam de R$ 1,5 mil a R$ 10 mil. O
informante está recebendo proteção da polícia.
Um dossiê elaborado pelo serviço Disque-Denúncia, que armazena informações sobre o suposto
envolvimento de policiais com Linho, também está sendo investigado pela polícia.
Texto Anterior: Intercâmbio: PF e Interpol agilizam troca de informações Índice
|