São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Kassab cria número recorde de secretarias para abrigar aliados

Prefeito iniciará novo mandato com 27 secretarias, seis a mais do que quando assumiu; prefeitura diz não saber custo total da medida

Aumento da estrutura municipal contradiz discurso de oposição dos principais dirigentes do DEM em relação à União

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) iniciará seu segundo mandato com um número recorde de secretarias: 27, seis delas criadas por ele mesmo. A decisão de aumentar a estrutura municipal foi tomada para acomodar aliados.
O prefeito já confirmou a criação de duas pastas para o DEM: Controle Urbano e Desenvolvimento Urbano. Também prometeu dar status de secretaria a duas coordenadorias comandadas por tucanos: Direitos Humanos e Segurança.
Agora colocou José Aristodemo Pinotti (DEM), deputado federal, na Secretaria Especial da Mulher. Uma sexta pasta foi criada por Kassab no início do ano a fim de abrigar outro antigo aliado, o deputado estadual Rodrigo Garcia -seu ex-sócio.
A assessoria de Kassab diz que, de modo geral, as novas secretarias usarão estruturas já existentes, uma vez que a idéia é "dar status" de secretário para alguns cargos já ocupados.

Discurso e prática
A prática da atual gestão se mostra bem diferente do discurso que elegeu José Serra (PSDB) em 2004 -Kassab era o seu vice. O hoje governador dizia que sua adversária à época, a então prefeita Marta Suplicy (PT), tinha a equipe "inchada". Marta deixou a administração com 21 secretarias -criou as pastas de Relações Internacionais e de Segurança.
Ao assumir o comando do município, em 2005, Serra extinguiu essa última, transformando-a numa coordenadoria. Kassab vai recriá-la agora.
Ainda em 2004, durante a transição de governo, a equipe tucana chegou a montar um organograma que, se levado a cabo, reduziria o número de secretarias para 14. O plano foi abandonado, também para acomodar aliados políticos.
O recorde do número de secretarias na gestão municipal também colide com o discurso de oposição dos principais dirigentes de seu partido em relação ao governo federal.
No primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando o presidente criou seis novas vagas para abrigar aliados políticos do PT- parlamentares do PFL (depois rebatizado de DEM) criticaram a iniciativa.
Ao final daquele ano, o então presidente nacional do PFL e um dos principais interlocutores de Kassab, Jorge Bornhausen, deu esta declaração: "O governo criou seis novos ministérios e secretarias especiais. Patente a incompetência de seus colaboradores e a ineficiência dos novos ministérios, o Planalto se recusa a rever esse verdadeiro cabide de empregos."
Procurado ontem pela Folha, Bornhausen afirmou, por meio de sua assessoria, que não comentaria as medidas de seu aliado e colega de sigla.

Mesma estrutura
A assessoria de Kassab afirma que nem todos os novos cargos no primeiro escalão criados por ele precisarão de novas estruturas na máquina municipal e de eventual aumento do gasto público.
As pastas de Segurança e de Direitos Humanos, dizem os assessores, utilizarão os mesmos espaços físicos que já ocupam atualmente como coordenadoria e comissão, respectivamente. Nos dois casos, não será preciso aumentar o número de funcionários, afirmam.
Nas pastas de Controle Urbano e Desenvolvimento Urbano ainda há certa indefinição. As duas novas pastas surgirão do desmembramento de estruturas já existentes. A gestão de Kassab não tem clareza sobre a necessidade de criação de cargos nem sobre a demanda orçamentária.
(CONRADO CORSALETTE)


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: 12 projetos disputam prêmio do Urban Age
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.