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Kassab cria número recorde de secretarias para abrigar aliados
Prefeito iniciará novo mandato com 27 secretarias, seis a mais do que quando assumiu; prefeitura diz não saber custo total da medida
Aumento da estrutura municipal contradiz discurso de oposição dos principais dirigentes do DEM em relação à União
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) iniciará seu segundo
mandato com um número recorde de secretarias: 27, seis
delas criadas por ele mesmo. A
decisão de aumentar a estrutura municipal foi tomada para
acomodar aliados.
O prefeito já confirmou a
criação de duas pastas para o
DEM: Controle Urbano e Desenvolvimento Urbano. Também prometeu dar status de secretaria a duas coordenadorias
comandadas por tucanos: Direitos Humanos e Segurança.
Agora colocou José Aristodemo Pinotti (DEM), deputado
federal, na Secretaria Especial
da Mulher. Uma sexta pasta foi
criada por Kassab no início do
ano a fim de abrigar outro antigo aliado, o deputado estadual
Rodrigo Garcia -seu ex-sócio.
A assessoria de Kassab diz
que, de modo geral, as novas secretarias usarão estruturas já
existentes, uma vez que a idéia
é "dar status" de secretário para alguns cargos já ocupados.
Discurso e prática
A prática da atual gestão se
mostra bem diferente do discurso que elegeu José Serra
(PSDB) em 2004 -Kassab era
o seu vice. O hoje governador
dizia que sua adversária à época, a então prefeita Marta Suplicy (PT), tinha a equipe "inchada". Marta deixou a administração com 21 secretarias
-criou as pastas de Relações
Internacionais e de Segurança.
Ao assumir o comando do
município, em 2005, Serra extinguiu essa última, transformando-a numa coordenadoria.
Kassab vai recriá-la agora.
Ainda em 2004, durante a
transição de governo, a equipe
tucana chegou a montar um organograma que, se levado a cabo, reduziria o número de secretarias para 14. O plano foi
abandonado, também para
acomodar aliados políticos.
O recorde do número de secretarias na gestão municipal
também colide com o discurso
de oposição dos principais dirigentes de seu partido em relação ao governo federal.
No primeiro ano do governo
Luiz Inácio Lula da Silva, em
2003, quando o presidente
criou seis novas vagas para
abrigar aliados políticos do
PT- parlamentares do PFL
(depois rebatizado de DEM)
criticaram a iniciativa.
Ao final daquele ano, o então
presidente nacional do PFL e
um dos principais interlocutores de Kassab, Jorge Bornhausen, deu esta declaração: "O governo criou seis novos ministérios e secretarias especiais. Patente a incompetência de seus
colaboradores e a ineficiência
dos novos ministérios, o Planalto se recusa a rever esse verdadeiro cabide de empregos."
Procurado ontem pela Folha, Bornhausen afirmou, por
meio de sua assessoria, que não
comentaria as medidas de seu
aliado e colega de sigla.
Mesma estrutura
A assessoria de Kassab afirma que nem todos os novos
cargos no primeiro escalão
criados por ele precisarão de
novas estruturas na máquina
municipal e de eventual aumento do gasto público.
As pastas de Segurança e de
Direitos Humanos, dizem os
assessores, utilizarão os mesmos espaços físicos que já ocupam atualmente como coordenadoria e comissão, respectivamente. Nos dois casos, não será
preciso aumentar o número de
funcionários, afirmam.
Nas pastas de Controle Urbano e Desenvolvimento Urbano
ainda há certa indefinição. As
duas novas pastas surgirão do
desmembramento de estruturas já existentes. A gestão de
Kassab não tem clareza sobre
a necessidade de criação de
cargos nem sobre a demanda
orçamentária.
(CONRADO CORSALETTE)
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