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Projeto que agiliza divórcio passa no Senado
A chamada PEC do divórcio direto acaba com os períodos necessários para um casal pedir sua separação definitiva
Hoje, é preciso esperar 2 anos da separação de fato ou 1 ano da separação formal (feita pela Justiça ou por cartório); proposta vai a 2ª votação
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O plenário do Senado aprovou ontem, em primeiro turno,
a chamada PEC do divórcio direto. Ela acaba com os prazos
atualmente necessários para o
pedido do divórcio, em qualquer caso, e com a figura da separação formal.
O texto ainda deverá ser votado uma segunda vez no plenário, antes de ser promulgado
-como é uma PEC (Proposta
de Emenda à Constituição),
não passará por avaliação da
Presidência.
Pela lei vigente hoje, o casal
precisa esperar dois anos da separação de fato (com a saída de
um deles de casa, por exemplo)
ou um ano da separação formal
(seja feita pela Justiça ou pelo
cartório) para se divorciar. A
PEC vai permitir que o casal
inicie o processo quando quiser.
A proposta foi chamada tanto
de PEC "do amor" quanto "do
desamor" pelos senadores durante a votação de ontem.
"A proposta dá a possibilidade de casar de novo e amar o
quanto quiser", defendeu o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "Ela
acaba com prazos e interstícios,
é a PEC do amor, como foi apelidada aqui", afirmou Demóstenes Torres (DEM-GO).
Divergindo dos colegas, Marcelo Crivella (PRB-RJ), evangélico, disse que ela prejudica uma
eventual conciliação. Ele defendeu a permanência de um prazo
para reflexão, de pelo menos
seis meses. "Vai ser do desamor.
É pensando melhor que o casal
descobre o melhor caminho."
A manutenção de um prazo
mínimo também foi defendida
pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) durante a tramitação da proposta.
Lobby
Pouco depois de chegar ao
Senado, em junho, após uma
passagem rápida pelo plenário
da Câmara, a PEC começou a
sofrer pressões de parlamentares ligados à Igreja Católica.
O trâmite da matéria no plenário acabou suspenso por
mais de um mês por requerimento do senador Eduardo
Azeredo (PSDB-MG), que
atendeu a um pedido de adiamento feito por um deputado
católico. Ontem, Azeredo disse
ter sido convencido. "Tinha temor de banalizar o casamento.
Mas meu voto é convicto da importância da PEC", afirmou.
A matéria foi apresentada em
nome do IBDFAM (Instituto
Brasileiro de Direito da Família) pelo deputado Antonio
Carlos Biscaia (PT-RJ). Teve
incorporadas outras propostas,
entre elas a do deputado Sérgio
Barradas Carneiro (PT-BA),
um dos principais articuladores da votação nas duas Casas.
"Há uma economia para as
pessoas: de custas processuais,
honorários advocatícios e ainda a economia emocional", afirmou Barradas Carneiro.
O deputado rebate o argumento de que a proposta atrapalha uma possível conciliação.
"Há pessoas que tentam voltar,
não dá certo. Se separam, só depois é que decidem pela formalização. Assim, o prazo de reflexão já existe", afirma ele.
Presidente do IBDFAM, Rodrigo da Cunha Pereira diz que
a essência ideológica da proposta é imprimir maior responsabilidade a quem decidir se separar, pois o divórcio estará facilitado e não haverá o obstáculo do tempo. "Agora, cada pessoa tem que pensar duas vezes
antes de decidir se separar."
Dados do IBGE mostram a
abrangência do público que será atingido pela proposta. Em
2007, foram concedidos
152.291 divórcios em primeira
instância no país, sendo 69%
diretos -sem a separação formal prévia. As separações judiciais foram 91.743.
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