São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010

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BARBARA GANCIA

WikiLinguarudos


O ativista do WikiLeaks Julian Assange acabará em filme dirigido por algum Milos Forman da vida


DEPOIS DE HORAS ouvindo conversa atrás da porta, WikiBarbarika constatou que Hugo Chávez ronca e que o bilau do Ahmadinejad é menor do que o do Kim Jong Il. E você com a Light, não é mesmo? Quem foi que perguntou?
Graças ao WikiLeaks, descobrimos que funcionário de embaixada estuda os adversários em pormenores. E que, pelas costas, todos falam mal de todos.
Só falta agora algum agente graduado do Departamento de Estado comentar que o Celso Amorim tem cara de furão. Aí, sim, seria o caso de a Interpol unir forças com o FBI e a Scotland Yard para interditar de vez o Animal Planet.
Cristina Kirchner foi pau mandado do marido a vida inteira. Por supuesto? E o Lula acha a mulher do Sarkozy boazuda e prefere quando ele a traz em visita oficial ao Brasil do que quando a deixa em casa. Pas possible! O Lula e a torcida do Flamengo, do Vasco, do Fluminense, do América, do Bangu e do Volta Redonda, n'est-ce pas?
Sai Osama Bin Laden, entra Julian Assange. As revelações que vazaram justificam o carnaval em torno do fundador do WikiLeaks?
Não será muito barulho por nada a Interpol ter expedido mandado de captura contra o cidadão de origem australiana que inventou de publicar documentos sensíveis?
Ora, em tempos de net, se não fosse ele e não fosse agora, seria, quem sabe, um neozelandês, provavelmente na semana que vem.
Tem-se oito pés atrás contra o Franklin Martins, mas, veja que, nos EUA, a direita troglodita exige que Assange frite na cadeira elétrica.
E olha que o australiano só publicou conversas café com leite. Não foi como se ele tivesse nos mostrado o que está por trás, digamos, da compra do novo avião presidencial tapuia, né não?
Ou nos dado explicações sobre os motivos que fizeram a Caixa ignorar o rombo do tamanho do Grand Canyon no banco do Silvio Santos.
Julian Assange também não ajudou a desvendar o que realmente aconteceu no Rio e que fato ou fatos gerou ou geraram os ataques iniciais dos bandidos. Continuamos também sem saber que história foi aquela de bilhete encontrado em ônibus com a frase: "Com UPP não há Olimpíada".
Mesmo assim, como wikilinguaruda profissional, só posso ser otimista. E digo com todas as letras: apostaria um picolé de limão como a militância de Julian Assange acabará em filme dirigido por algum Milos Forman da vida.
Nada impede que o jornalista transformado em ativista vire CEO de empresa cotada na Nasdaq e herói do seu tempo.
Eu o vejo como uma espécie de Larry Flynt cibernético. Para quem não se lembra, o dono da revista "Hustler" foi execrado como pornógrafo, preso e condenado, e hoje é celebrado como um paladino da liberdade de expressão.
Assange é tido como rato de computador, desvenda qualquer código. Mas foge do nerd clássico, dizem que é super carismático.
O que me faz lembrar: também na política, por mais que a gente tenha se esquecido disso, o carisma é menos importante do que o profissionalismo e o preparo técnico. E aí encontramos mais um motivo para celebrar os novos tempos.
Se antes abríamos garrafas, agora vamos abrir planilhas.
Wikicoisa boa!

barbara@uol.com.br

@barbaragancia
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