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SISTEMA PRISIONAL
Contagem repetida de corpos e informações erradas de presos teriam levado ao número inicial, de 45 mortes
Levantamento final indica 27 mortos em RO
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
Após ter divulgado a morte de
45 presos no presídio Doutor José
Mário Alves da Silva, o Urso
Branco, na madrugada de anteontem, em Porto Velho, o governo de Rondônia voltou atrás e
reduziu o número para 27.
As mortes foram causadas por
uma briga entre facções rivais. Segundo peritos do IML (Instituto
Médico Legal), os presos foram
mortos com golpes nas costas de
armas artesanais ("chucho"). Um
corpo estava decapitado, alguns
não tinham pernas ou braços.
O governador em exercício, Miguel de Souza (PFL), disse que a
confusão deveu-se à contagem repetida de corpos e a informações
dadas por presos. O governador
José Bianco (PFL) está em férias
até dia 30. "Ele está no Brasil
acompanhando de longe."
O estopim teria sido uma restrição da circulação no presídio. O
juiz Arlen de Souza, responsável
pela medida, pediu ontem a apuração das mortes porque a ordem
judicial teria sido "desvirtuada".
Em nota, ele diz que a ordem era
"somente recolher em cárcere os
presos que tinham trânsito livre
no interior do presídio, e não
transferir apenados que se encontravam no seguro (ameaçados de
morte) para celas dos pavilhões".
Na madrugada de anteontem,
os rebelados derrubaram as paredes das celas onde estavam os detentos no seguro e começaram a
matá-los. O arcebispo de Porto
Velho, dom Moacir Grechi, disse
que já havia alertado para a iminência de "carnificina" no local.
O presídio abrigava 843 detentos, e sua capacidade é para 360.
Segundo a diretoria de segurança da penitenciária, na revista
após a chacina foram encontrados dois revólveres calibre 38,
munição e cem "chuchos". Em
reunião ontem do Comitê de Gestão de Crises, composto por representantes da Vara de Execuções Penais, OAB, Polícia Militar e
Arquidiocese de Porto Velho, foi
proposta a desativação do local.
A secretária nacional de Justiça,
Elizabeth Sussekind, disse ontem
que Rondônia não recebeu verbas
da União para presídios em 2001
por estar inadimplente com a
prestação das contas de 2000.
Segundo ela, só em 26 de dezembro as contas foram aprovadas. Ela vai hoje para Porto Velho.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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