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DATAFOLHA
38% consideram o sistema de transporte ruim ou péssimo em São Paulo; metrô é o melhor avaliado pelos moradores
PT não consegue mudar reprovação a ônibus
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Tarifa promocional, ônibus novos, corredores para aumentar a
velocidade dos veículos. Nenhuma dessas medidas, adotadas e
negociadas pela Prefeitura de São
Paulo no primeiro ano da gestão
petista, ajudou a mudar a opinião
dos moradores quanto à qualidade do transporte na cidade.
Pesquisa do Datafolha, realizada entre os dias 12 e 14 de dezembro, mostra que os ônibus têm o
pior índice de reprovação do setor, comparado ao dos trens, do
metrô e das lotações. Ao todo,
38% dos moradores ouvidos consideram os ônibus um meio de
transporte ruim ou péssimo.
É a segunda maior taxa de reprovação desde outubro de 97, na
gestão Celso Pitta (PSL). A maior
reprovação (41% de ruim/péssimo) ocorreu em agosto do ano
passado, já na administração da
petista Marta Suplicy.
Na última pesquisa do Datafolha, as porcentagens de reprovação foram bem menores no caso
do metrô (8%), dos trens (27%) e
das lotações (26%).
Comparando os índices de
aprovação de todos os meios de
transporte, os ônibus não se saem
melhor -estão no penúltimo lugar do ranking de ótimo/bom na
pesquisa feita no mês passado.
Os ônibus, com 28% de aprovação, só conseguem melhor avaliação que a dos trens (26%). Na pesquisa, o metrô e as lotações tiveram aprovação de 67% e 39%, respectivamente.
Quadro inalterado
Além de não ajudar a alterar a
opinião dos usuários, medidas
adotadas pela prefeitura também
não mudaram indicadores de
qualidade dos ônibus.
O fato de as empresas terem entregue 778 novos ônibus no ano
passado, por exemplo, não mudou a idade média da frota de
9.968 veículos em operação na cidade de São Paulo.
Segundo indicadores da
SPTrans (São Paulo Transporte),
a idade média dos ônibus que circulam pela cidade era de sete anos
e cinco meses em novembro do
ano passado -a mesma de janeiro de 2001.
Segundo a Secretaria dos Transportes, está programada para este
mês a entrega de mais 232 novos
ônibus pelas empresas.
No ano passado, os veículos novos também não ajudaram a
atrair mais passageiros para o sistema de ônibus. Até novembro,
os empresários contabilizavam
970 milhões de passageiros transportados em 2001. Pelos dados da
SPTrans, o volume de usuários é o
menor dos últimos dez anos.
Impacto
Para o chefe de gabinete da Secretaria dos Transportes, Luiz Silveira Rangel, 42, a reprovação dos
usuários tem uma justificativa.
Segundo ele, parte das medidas
adotadas pela administração para
melhorar o sistema não havia sido
plenamente implantada quando
o Datafolha ouviu os usuários.
O principal exemplo que ele citou foi a Operação Via Livre -a
implantação de corredores para
dar mais velocidade aos ônibus.
Segundo Rangel, dos 80 km de
corredores existentes, cerca de 60
km foram implantados no último
mês do ano passado.
Pela expectativa da secretaria, a
avaliação dos ônibus mudará
com a reorganização do novo sistema de transporte na cidade a
partir deste ano.
Pela proposta, já aprovada pela
Câmara, a cidade será dividida
em um subsistema estrutural (linhas principais) e outro local (linhas que abastecem o subsistema
estrutural).
De acordo com o chefe de gabinete, o plano dará mais qualidade
aos ônibus, mas ele não arriscou
compará-los ao metrô, que tem
aprovação de 67% dos moradores
na última pesquisa feita pelo Datafolha.
"Acho complicado a gente querer comparar e competir com o
metrô. É uma outra categoria. É
totalmente diferente. Mas, com
certeza, a gente espera que a população tenha um transporte coletivo de qualidade superior ao
que ela tem até então."
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