São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2002

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DATAFOLHA

38% consideram o sistema de transporte ruim ou péssimo em São Paulo; metrô é o melhor avaliado pelos moradores

PT não consegue mudar reprovação a ônibus

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Tarifa promocional, ônibus novos, corredores para aumentar a velocidade dos veículos. Nenhuma dessas medidas, adotadas e negociadas pela Prefeitura de São Paulo no primeiro ano da gestão petista, ajudou a mudar a opinião dos moradores quanto à qualidade do transporte na cidade.
Pesquisa do Datafolha, realizada entre os dias 12 e 14 de dezembro, mostra que os ônibus têm o pior índice de reprovação do setor, comparado ao dos trens, do metrô e das lotações. Ao todo, 38% dos moradores ouvidos consideram os ônibus um meio de transporte ruim ou péssimo.
É a segunda maior taxa de reprovação desde outubro de 97, na gestão Celso Pitta (PSL). A maior reprovação (41% de ruim/péssimo) ocorreu em agosto do ano passado, já na administração da petista Marta Suplicy.
Na última pesquisa do Datafolha, as porcentagens de reprovação foram bem menores no caso do metrô (8%), dos trens (27%) e das lotações (26%).
Comparando os índices de aprovação de todos os meios de transporte, os ônibus não se saem melhor -estão no penúltimo lugar do ranking de ótimo/bom na pesquisa feita no mês passado.
Os ônibus, com 28% de aprovação, só conseguem melhor avaliação que a dos trens (26%). Na pesquisa, o metrô e as lotações tiveram aprovação de 67% e 39%, respectivamente.

Quadro inalterado
Além de não ajudar a alterar a opinião dos usuários, medidas adotadas pela prefeitura também não mudaram indicadores de qualidade dos ônibus.
O fato de as empresas terem entregue 778 novos ônibus no ano passado, por exemplo, não mudou a idade média da frota de 9.968 veículos em operação na cidade de São Paulo.
Segundo indicadores da SPTrans (São Paulo Transporte), a idade média dos ônibus que circulam pela cidade era de sete anos e cinco meses em novembro do ano passado -a mesma de janeiro de 2001.
Segundo a Secretaria dos Transportes, está programada para este mês a entrega de mais 232 novos ônibus pelas empresas.
No ano passado, os veículos novos também não ajudaram a atrair mais passageiros para o sistema de ônibus. Até novembro, os empresários contabilizavam 970 milhões de passageiros transportados em 2001. Pelos dados da SPTrans, o volume de usuários é o menor dos últimos dez anos.

Impacto
Para o chefe de gabinete da Secretaria dos Transportes, Luiz Silveira Rangel, 42, a reprovação dos usuários tem uma justificativa.
Segundo ele, parte das medidas adotadas pela administração para melhorar o sistema não havia sido plenamente implantada quando o Datafolha ouviu os usuários.
O principal exemplo que ele citou foi a Operação Via Livre -a implantação de corredores para dar mais velocidade aos ônibus. Segundo Rangel, dos 80 km de corredores existentes, cerca de 60 km foram implantados no último mês do ano passado.
Pela expectativa da secretaria, a avaliação dos ônibus mudará com a reorganização do novo sistema de transporte na cidade a partir deste ano.
Pela proposta, já aprovada pela Câmara, a cidade será dividida em um subsistema estrutural (linhas principais) e outro local (linhas que abastecem o subsistema estrutural).
De acordo com o chefe de gabinete, o plano dará mais qualidade aos ônibus, mas ele não arriscou compará-los ao metrô, que tem aprovação de 67% dos moradores na última pesquisa feita pelo Datafolha.
"Acho complicado a gente querer comparar e competir com o metrô. É uma outra categoria. É totalmente diferente. Mas, com certeza, a gente espera que a população tenha um transporte coletivo de qualidade superior ao que ela tem até então."


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