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SOB SUSPEITA
Gestão Alckmin diz que policial suspeito de corrupção não foi condenado e, portanto, merece voto de confiança
Governo mantém delegado acusado no cargo
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Geraldo Alckmin
(PSDB) decidiu manter o delegado Wagner Giudice na direção da
Divisão Anti-Seqüestro, apesar de
ele ter sido denunciado pelo Ministério Público à Justiça sob acusação de crime de corrupção. O
caso deve ser analisado em 15 dias
pela 24ª Vara Criminal. Giudice
diz que a denúncia é mentirosa.
Ontem, o delegado -que integra a elite da Polícia Civil- colocou o seu cargo à disposição. Mas
o pedido não foi aceito pela cúpula da polícia de São Paulo, com
respaldo da Secretaria da Segurança Pública e do gabinete do governador. A avaliação é que ele
ainda não foi julgado e, portanto,
merece voto de confiança.
O delegado Giudice foi denunciado na semana passada pelo
promotor Gabriel Inellas, do Gecep (Grupo de Atuação Especial
de Controle Externo da Atividade
Policial), sob acusação de ter recebido dinheiro do professor de direito civil da USP Alcides Tomasetti Júnior para não indiciá-lo no
inquérito policial que investigou a
morte da mulher dele, a procuradora do Estado Denise Piovani,
em dezembro de 1996.
O processo sobre a morte de
Denise ainda tramita na Justiça.
Em agosto de 2002, a Promotoria
decidiu impronunciar (não levar
a júri) o professor Tomasetti, por
falta de provas. Os advogados da
família da vítima recorreram ao
Tribunal de Justiça, que ainda não
julgou o caso.
O professor alega que sua mulher se suicidou, mas acabou indiciado sob acusação de homicídio
pelo delegado Eduardo Camargo
Lima, que substituiu Giudice. Tomasetti não foi localizado pela Folha. O seu advogado, Eduardo
Carnelós, segundo a funcionária
de seu escritório, não comentaria
o caso porque está viajando.
Também foram denunciados
pela Promotoria por crime de
corrupção o perito Paulo Villa
Hutterer e o ex-escrivão Marcelo
Rodrigues Dantas. O primeiro
disse, por meio da assessoria da
Secretaria da Segurança Pública,
que não comentaria o caso. Rodrigues Dantas não foi localizado
pela reportagem. Os dois eram
subordinados de Giudice na época das investigações.
Contas bancárias
O Ministério Público diz que o
delegado tinha movimentação
bancária incompatível com seu
salário durante o caso. Segundo o
promotor Inellas, quantias correspondentes a valores que saíam
da conta de Tomasetti Júnior apareciam nas dos acusados.
O promotor Inellas afirma ainda na denúncia "que, em virtude
da corrupção ativa cometida por
Alcides Tomasetti, do suborno,
das vantagens pecuniárias indevidas, recebidas continuamente, o
delegado de polícia Wagner Giudice, aos 14 de julho de 1997, adquiriu para si o apartamento designado pelo preço de R$ 36.291".
O imóvel fica no bairro do Paraíso, na zona sul da capital paulista.
Segundo o promotor, foram analisados os extratos bancários e as
declarações de imposto de renda
do delegado da Divisão Anti-Seqüestro. "São quantias incompatíveis com o seu salário", disse.
A Folha procurou o governador
para comentar o caso. Sua assessoria disse que o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, falaria sobre o assunto. A secretaria divulgou nota
oficial e escalou o delegado-geral
Marco Antônio Desgualdo para
falar com a reportagem. "Não vou
pré-julgá-lo", afirmou Desgualdo.
Desgualdo confirmou que foi
procurado por Giudice. "O melhor a fazer é aguardar a decisão
da Justiça até para saber se não
houve precipitação na denúncia."
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