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Serra adia por mais 5 anos obra em gargalo do litoral
Previsão de 3ª faixa de rodovia entre Praia Grande e Cubatão passou de 2011 para 2016
Turistas enfrentaram horas de trânsito parado na Padre Manoel da Nóbrega na volta do Réveillon; prefeitos criticam o adiamento
ALENCAR IZIDORO
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo decidiu adiar por mais cinco anos a
construção da terceira faixa da
rodovia Padre Manoel da Nóbrega, um dos principais gargalos enfrentados por turistas no
acesso ao litoral sul em feriados, finais de semana e férias.
A decisão foi oficializada pela
gestão José Serra (PSDB) menos de um mês antes dos congestionamentos da volta do
Ano Novo, que deixaram motoristas parados durante horas
principalmente nessa estrada.
A implantação da terceira
faixa na Padre Manoel da Nóbrega, do km 274 ao km 292,
entre Praia Grande e Cubatão,
é prometida desde 2002 pelo
Estado, mas sua previsão de entrega teve seguidos adiamentos
-para 2009, 2011 e, agora, ficará somente para 2016.
A nova data foi formalizada
pelo governo tucano por meio
de uma alteração no contrato
da Ecovias, concessionária do
sistema Anchieta-Imigrantes,
aprovada pelo conselho diretor
da Artesp (agência que regula
as concessões de rodovias paulistas) no dia 6 de dezembro.
A obra já foi "vendida" como
a principal solução para desafogar os congestionamentos de
turistas no caminho do litoral.
Ela aumentará em 50% a capacidade da Padre Manoel da
Nóbrega -de 2.800 para 4.200
veículos por hora. Seu custo é
estimado em R$ 140 milhões.
O adiamento foi atacado por
prefeituras locais, que prevêem
transtornos no futuro por conta da demanda crescente de turistas, seguida do boom de empreendimentos imobiliários.
O prefeito de Praia Grande,
Alberto Mourão (PSDB), quer
uma reunião com Serra para
tentar reverter a decisão. "Tem
que dar uma reestudada nessas
obras com urgência", afirmou.
O prefeito de São Vicente,
Tércio Garcia (PSB), considerou "um absurdo adiar obras
que já deveriam estar prontas".
"É um desrespeito ao turista, ao
paulistano e às pessoas do interior que vão para a Baixada
Santista." Ele afirma que, além
dos turistas, os moradores de
São Vicente também são afetados porque acabam tendo dificuldade para atravessar a cidade em razão dos congestionamentos nos finais de semana.
Tráfego sazonal
A decisão de postergar a implantação da terceira faixa da
rodovia foi acompanhada da inclusão de outra obra de menor
porte no contrato da Ecovias
-a construção de um viaduto
no km 262,6 da Cônego Domenico Rangoni, região de Cubatão, para facilitar especialmente a circulação de caminhões.
Essa obra, estimada em R$
42 milhões, era uma responsabilidade do Estado, mas foi repassada à concessionária em
troca de uma demora maior na
da Padre Manoel da Nóbrega.
Segundo a gestão Serra, houve a decisão de priorizar essa e
outras intervenções viárias
mais simples no litoral (como
os viadutos dos kms 281 e 285)
porque elas são mais prioritárias ao tráfego habitual, enquanto a terceira faixa tem importância sazonal -em períodos de grande fluxo de turistas.
No último feriado, a Padre
Manoel da Nóbrega concentrou os principais engarrafamentos na volta do litoral sul.
Houve relatos de turistas que
demoraram mais de 15 horas
para chegar à capital paulista.
A ampliação das faixas da Padre Manoel da Nóbrega foi ressaltada especialmente após a
entrega da segunda pista da
Imigrantes, no final de 2002.
Havia a preocupação de alta da
demanda de turistas sem que
os acessos complementares ao
litoral fossem melhorados.
Jaime Waisman, professor
da USP, considera plausível a
argumentação do Estado caso
os estudos apontem que a terceira faixa não é fundamental
fora dos feriados e das férias.
"Uma estrada não pode ser projetada para os momentos de pico, sob risco de ficar vazia no
resto do ano. O congestionamento que se viu no final do
ano, por mais chocante que
possa parecer, é normal."
O ex-secretário dos Transportes Dario Rais Lopes (gestão Alckmin) diz considerar a
terceira faixa inevitável, mas
não imediatamente. "No curto
prazo são mais importantes os
viadutos que interferem no tráfego urbano do litoral."
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