São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

angola

População ignora tema, diz Ondjaki

DA REPORTAGEM LOCAL

Nascido em Luanda, a capital de Angola, em 1977, o escritor e poeta Ondjaki afirma que falta divulgação sobre o Acordo Ortográfico e que as novas regras não preocupam os angolanos atualmente. O país deverá ratificar o acordo neste ano, não o tendo feito em 2008 em razão da mobilização em torno de eleições nacionais, segundo o governo. Morando hoje no Rio de Janeiro, após uma passagem por Portugal, Ondjaki tem entre suas obras livros infantis como "Ynari: A Menina das Cinco Tranças", de 2004, e correalizou o documentário "Oxalá Cresçam Pitangas - Histórias de Luanda", em 2006. Leia trechos da entrevista à Folha. (MP)

 

FOLHA - Qual a sua opinião sobre as novas normas?
ONDJAKI -
Não estou suficientemente informado sobre este Acordo e tenho pena disso. Acho que não circula suficiente informação, mas sobretudo não se sabem as razões que levam à assinatura do Acordo. Acompanho a imprensa angolana com muita atenção e vejo que o problema de divulgação sobre o Acordo é ainda mais acentuado em Angola.

FOLHA - Acredita que há alguma desvantagem em unificar a grafia, do ponto de vista cultural, prático?
ONDJAKI -
Só penso no ponto de vista artístico, da escrita literária. Há algo de tom, cheiro e personalidade que se vai perdendo.

FOLHA - Como será a recepção às novas normas em países africanos como Angola?
ONDJAKI -
Não sei como será, e essa questão tem sido muito pouco debatida no nível da sociedade em geral. Não penso que a questão do Acordo Ortográfico preocupe os angolanos neste momento.

FOLHA - As normas afetam a vida prática das pessoas ou apenas escritores, jornalistas?
ONDJAKI -
Afetam a vida de todas as pessoas que escrevem corretamente e que dão atenção aos pequenos detalhes.

FOLHA - Acredita que as regras irão pegar?
ONDJAKI -
Acho que vai ser uma questão de geração. Quem estiver na escola e aprender tudo com as novas regras possivelmente até achará a nossa escrita obsoleta. É normal. E eu acharei a escrita deles simplificada demais ou simplesmente estranha.


Texto Anterior: Brasil: Para Rubem Alves, o povo faz a língua
Próximo Texto: Mortes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.