São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Rio-Santos cede, fecha e assusta Angra

Acostamento desaba, atinge um condomínio de casas e encobre carros e imóveis; ninguém se feriu, mas via foi fechada

Interdição faz prefeito reafirmar pedido para que usinas nucleares fossem paralisadas; medo era não ter como esvaziar a cidade

PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

Segunda mais importante ligação entre o Rio e SP (atrás só da via Dutra), a rodovia Rio-Santos ficou fechada em Angra dos Reis sob risco de desabamento por quase 14 horas entre a noite de sábado e a manhã de ontem, deixando sob tensão moradores e a prefeitura.
O bloqueio ocorreu no km 477, próximo ao acesso ao centro de Angra. Anteontem, uma faixa de 15 metros do acostamento cedeu, num lugar de barranco, e a terra invadiu o condomínio Praia do Jardim 2, de casas de classe média.
Ninguém se feriu, mas dois carros e imóveis foram tomados pela lama. Nesse trecho, ainda há risco de desabamento. A via foi reaberta ontem de manhã -apenas meia pista-, mas pode ser fechada a qualquer momento, se voltar a chover.
Segundo o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, o terreno ainda está muito instável.
Ele recomendou aos motoristas que busquem rotas alternativas. Uma opção é a rodovia estadual RJ-155, que liga Angra dos Reis a Barra Mansa e se conecta à via Dutra. Segundo Pagot, serão necessários três meses para a conclusão das obras definitivas de recuperação da rodovia e restauração do acostamento que cedeu.
Ontem, escavadeiras retiravam a terra e as pedras que rolaram sobre o condomínio. Dali e de uma favela, na encosta acima da estrada, foram retiradas 12 famílias -a maioria foi para a casa de amigos e parentes.
O vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi ao local e disse que o Estado presta toda a ajuda a Angra e já cedeu 30 equipamentos para retirar o entulho. O prefeito Tuca Jordão (PMDB) -que ontem decretou estado de calamidade pública- afirmou que não recebeu auxílio financeiro nem do Estado nem da União.
Desde o dia 1º, foram registrados 41 deslizamentos na Rio-Santos. Desses, 16 obstruíam a via, mas o único que causa transtorno é o do km 477.

Usinas nucleares
Ontem, o prefeito reafirmou o pedido de paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2, por temer que a cidade ficasse impossibilitada de retirar os moradores em caso de acidente.
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, disse que explicou, em ofício ao prefeito, que as usinas podem funcionar sem problemas. ""Respeitamos o nervosismo do prefeito, mas não é o caso", disse. ""Temos três vias de saída e só uma ficou fechada. Além da estrada para o Rio, podemos pegar o sentido São Paulo da Rio-Santos ou usar a 155." Desde o dia 30 de dezembro, deslizamentos e enchentes provocados pelas chuvas já deixaram 68 mortos no Estado. Somente em Angra, foram 46 -17 no morro da Carioca, no centro da cidade, e 29 na Ilha Grande. Em outros pontos do Estado, mais 22 morreram.


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