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Rio-Santos cede, fecha e assusta Angra
Acostamento desaba, atinge um condomínio de casas e encobre carros e imóveis; ninguém se feriu, mas via foi fechada
Interdição faz prefeito reafirmar pedido para que usinas nucleares fossem paralisadas; medo era não ter como esvaziar a cidade
PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS
Segunda mais importante ligação entre o Rio e SP (atrás só
da via Dutra), a rodovia Rio-Santos ficou fechada em Angra
dos Reis sob risco de desabamento por quase 14 horas entre
a noite de sábado e a manhã de
ontem, deixando sob tensão
moradores e a prefeitura.
O bloqueio ocorreu no km
477, próximo ao acesso ao centro de Angra. Anteontem, uma
faixa de 15 metros do acostamento cedeu, num lugar de
barranco, e a terra invadiu o
condomínio Praia do Jardim 2,
de casas de classe média.
Ninguém se feriu, mas dois
carros e imóveis foram tomados pela lama. Nesse trecho,
ainda há risco de desabamento.
A via foi reaberta ontem de manhã -apenas meia pista-, mas
pode ser fechada a qualquer
momento, se voltar a chover.
Segundo o diretor-geral do
Dnit (Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, o terreno ainda está muito instável.
Ele recomendou aos motoristas que busquem rotas alternativas. Uma opção é a rodovia
estadual RJ-155, que liga Angra
dos Reis a Barra Mansa e se conecta à via Dutra. Segundo Pagot, serão necessários três meses para a conclusão das obras
definitivas de recuperação da
rodovia e restauração do acostamento que cedeu.
Ontem, escavadeiras retiravam a terra e as pedras que rolaram sobre o condomínio. Dali
e de uma favela, na encosta acima da estrada, foram retiradas
12 famílias -a maioria foi para
a casa de amigos e parentes.
O vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi ao local e disse que o Estado presta
toda a ajuda a Angra e já cedeu
30 equipamentos para retirar o
entulho. O prefeito Tuca Jordão (PMDB) -que ontem decretou estado de calamidade
pública- afirmou que não recebeu auxílio financeiro nem
do Estado nem da União.
Desde o dia 1º, foram registrados 41 deslizamentos na
Rio-Santos. Desses, 16 obstruíam a via, mas o único que
causa transtorno é o do km 477.
Usinas nucleares
Ontem, o prefeito reafirmou
o pedido de paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2, por temer que a cidade ficasse impossibilitada de retirar os moradores em caso de acidente.
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da
Silva, disse que explicou, em
ofício ao prefeito, que as usinas
podem funcionar sem problemas. ""Respeitamos o nervosismo do prefeito, mas não é o caso", disse. ""Temos três vias de
saída e só uma ficou fechada.
Além da estrada para o Rio, podemos pegar o sentido São Paulo da Rio-Santos ou usar a 155."
Desde o dia 30 de dezembro,
deslizamentos e enchentes
provocados pelas chuvas já deixaram 68 mortos no Estado.
Somente em Angra, foram 46
-17 no morro da Carioca, no
centro da cidade, e 29 na Ilha
Grande. Em outros pontos do
Estado, mais 22 morreram.
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