São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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MÁRIO BLANDER (1946-2010)

As palavras e o deserto de Bernardo Bertolucci

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

As palavras sempre permearam a vida de Mário Blander de Camargo Castro, jornalista que optou por assinar apenas o sobrenome da mãe, Blander, para que seu nome coubesse no expediente da revista "Veja", da editora Abril, onde começou a trabalhar em 1970. Anos depois, ele passou para outro título da editora, "Exame", onde foi redator-chefe e consolidou sua carreira de jornalista de negócios. "Ele era um craque, mas engraçado que economia não tinha nada a ver com ele", diz Maria do Carmo, sua mulher.
"Era louco por cinema, por literatura, adorava [o escritor Scott] Fitzgerald. Escrevia maravilhosamente bem e lia enlouquecidamente tudo." As palavras de Blander, envelopadas em uma carta de amor, foram determinantes para que conquistasse Maria do Carmo, sua companheira por 40 anos. Juntos, tiveram duas filhas, Camila, 35, e Carolina, 31. Atualmente, os dois trabalhavam juntos em uma empresa de comunicação.
O senso de humor fino, cáustico e irônico do jornalista lembrava o estilo do diretor nova-iorquino Woody Allen. Um de seus filmes preferidos, porém, era do italiano Bernardo Bertolucci, "O Céu que nos Protege", em que os personagens viajam pelos cenários vastos e inóspitos do deserto do Saara, na África. A mesma vastidão ele encontrou no sul da Bahia, onde fora com a mulher passar o Ano-Novo. Blander teve um infarto no dia 1º e não resistiu. O enterro está marcado para hoje, às 16h, no cemitério Flamboyant, em Campinas.

coluna.obituario@uol.com.br


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