São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Foliões contratados ajudam a manter a tradição em PE

Prefeitura de Bezerros, em Pernambuco, gastou R$ 1 milhão com papangus, além de 16 orquestras de frevo

Em Olinda, desfile do bloco "Enquanto Isso, na Sala de Justiça" reuniu foliões vestidos de super-heróis conhecidos ou inventados

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BEZERROS (PE)

Na tentativa de manter a tradição centenária dos papangus, como são chamados os foliões mascarados de Bezerros (a 100 km de Recife), a prefeitura local reforçou o desfile de ontem com 200 personagens contratados para dar maior visibilidade ao evento.
A medida foi tomada porque, com o aumento do fluxo de turistas nos últimos anos, os papangus, antes maioria, quase não eram mais notados.
Pagos para se misturarem aos visitantes, os mascarados da prefeitura tinham a tarefa de tentar reduzir essa sensação de ausência. Atuaram como animadores e recepcionistas.
"Nossa maior preocupação é manter a tradição", disse o prefeito de Bezerros, Marcone Borba (PT). "O município tem 60 mil habitantes e recebe 120 mil turistas no desfile de domingo", afirmou. "Os papangus se diluem na multidão."
Para realizar a festa, a administração investiu cerca de R$ 1 milhão. "Além dos 200 papangus, contratamos 16 orquestras de frevo e 34 atrações de palco."
Horas antes do desfile, os foliões já haviam tomado todo o percurso de 1,5 quilômetro dos blocos. Nas ruas, quem usou máscara e túnica preferiu peças industrializadas ou roupas sofisticadas. Poucos usaram as fantasias tradicionais, feitas com sacos e tecidos baratos.
As primeiras máscaras apareceram no Carnaval de Bezerros em 1905. Eram rudimentares, feitas com papel de embrulhar charque e papelão, pintadas com carvão e corantes.
Os foliões cobriam os rostos e corpos para não serem reconhecidos. Assim, brincavam, comiam e bebiam incógnitos. Só revelavam seus nomes no final do dia. O nome "papangu" é uma referência ao prato servido aos mascarados: angu (papa de milho) com carne de bode, oferecido até hoje na festa.

Super-heróis
Em Olinda, o dia também foi dos fantasiados, com o desfile do bloco "Enquanto Isso, na Sala de Justiça". A agremiação reuniu foliões vestidos de super-heróis -conhecidos ou inventados na hora.
Recheado de performances, o evento arrastou ao som do frevo as "tartarugas ninjas" e a "tropa de celulite".


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