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Vai-Vai se destaca em noite de salada cultural
Público do Anhembi não parou de cantar o samba da escola, que falou de educação
Último dia de desfile juntou no sambódromo o escritor paraibano Ariano Suassuna, o rapper Mano Brown e o maestro Silvio Baccarelli
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa noite de desfiles mais
equilibrados, a Vai-Vai, líder de
títulos do Carnaval de São Paulo, foi a escola de samba que
mais conseguiu conciliar luxo,
técnica e a empolgação da arquibancada do Anhembi -que
não parou de cantar seu enredo
"Acorda, Brasil", destacando a
importância da educação na luta contra a pobreza do país.
A segunda etapa de apresentação das agremiações ficou
marcada também por uma elogiada passagem da campeã de
2007, Mocidade Alegre, com
um enredo ufanista para exaltar São Paulo e diversas alas coreografadas (uma das mais
aplaudidas trazia dançarinas de
sapateado) -além dos carros
gigantes, que rivalizaram com
os da Império de Casa Verde.
Não faltaram ainda, nos desfiles da madrugada de ontem,
muitas referências à MPB e
personalidades atípicas da festa popular da capital.
Entre elas, Ariano Suassuna,
escritor paraibano homenageado pela Mancha Verde, e os destaques da Vai-Vai Mano
Brown, rapper habitualmente
avesso à exposição de sua imagem, e Silvio Baccarelli, maestro que formou uma orquestra
com jovens carentes da favela
de Heliópolis, na zona sul.
Ao lado da Unidos de Vila
Maria, que no dia anterior falou
sobre os cem anos da imigração
japonesa, a escola da Bela Vista
e a Mocidade se destacaram entre as candidatas ao campeonato do Carnaval deste ano, que
promete uma disputa acirrada.
A Liga das Escolas de Samba
já decidiu que, das notas dos
três jurados, serão desconsideradas desta vez a mais baixa e a
mais alta em todos os quesitos.
"A possibilidade de empate é
muito maior, tanto para definir
as campeãs como as rebaixadas", reconhecia Marko Antonio da Silva, presidente da Tom
Maior e dirigente da Liga.
Depois da Camisa Verde e
Branco, que abriu a segunda
noite do Grupo Especial contando a história do cabelo, e da
Mancha, que homenageou
Ariano Suassuna, a X-9 Paulistana chamou a atenção pelo
desfile ecologicamente correto.
Para falar do aquecimento
global, a escola utilizou materiais recicláveis nas alegorias,
como garrafas PET, e penas e
plumas artificiais nas fantasias.
O desfile da Pérola Negra, em
homenagem à cidade de Jaguariúna e sua famosa festa do rodeio, foi repleto de problemas.
Eles começaram com um integrante da bateria agredindo
um cinegrafista da Rede TV
que filmava a madrinha de bateria, Adriana Alves -que se
disse abalada pelo episódio. E
se estenderam pelo restante da
apresentação -com a quebra
de dois carros, um deles integrado por dez ex-ferroviários
com mais de 70 anos e que tiveram de passar pela avenida a pé.
Após a passagem da Pérola
foi a vez da Vai-Vai desfilar,
com enredo inspirado em uma
peça do empresário Antônio
Ermírio de Moraes. No desfile,
muitas fantasias tinham instrumentos e notas musicais.
Um dos carros alegóricos trazia
uma imensa coruja, símbolo da
inteligência; outro jorrava água
e jatos de fogo. Numa das alas
de grande destaque, os foliões
vestiam becas de formatura e
seguravam diplomas.
Na apresentação da Mocidade Alegre, a bateria foi um show
à parte -com coreografias em
forma de "S" e "P" e sua tradicional rainha, Nani Moreira.
Na exaltação a São Paulo,
predominavam as referências à
gastronomia e à boemia paulistana. Um dos carros também
não esqueceu a Parada Gay.
A Império de Casa Verde encerrou os desfiles falando da
MPB com carros alegóricos imponentes -um deles inclusive
com uma roda gigante representando a música "Domingo
no Parque", de Gilberto Gil.
Apesar de encher a visão do
público com alegorias ricas, a
escola pode perder pontos.
O último carro teve dificuldades para entrar na avenida e
acabou atrapalhando a passagem da agremiação, que, no final, teve de acelerar seu andamento para não estourar o tempo permitido -65 minutos.
Além disso, a porta-bandeira
Fabíola desmaiou logo depois
de cruzar a linha final.
A apuração que vai indicar a
campeã será feita amanhã de
manhã.
(ALENCAR IZIDORO, AFRA BALAZINA, ALESSANDRA BALLES, EVANDRO SPINELLI e RICARDO WESTIN)
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