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Ontem foi dia de boataria em Paraisópolis
DA REPORTAGEM LOCAL
As ruas e botequins de
Paraisópolis eram um mar
de boatos ontem. A tese
mais ouvida: a de que a comunidade havia finalmente resolvido se rebelar
contra a tirania de "Zoio
Roxo" (ou "Raio") e "Nego
Zica", dois policiais que
aparecem nas falas de jovens do bairro como os autores não de apenas uma
mas de quatro mortes no
fim de semana -eles "tocam o terror", disse um
morador à Folha.
A suposta dupla -cuja
existência a polícia diz
desconhecer- teria matado Marcos Porcino, 25,
com quem o padeiro Daniel Melo, 27, diz ter "crescido junto", e mais um
"companheiro de crime",
de nome "Roni". Segundo
o padeiro, os dois "faziam
uns corres [delitos] mesmo", mas "não eram ligados ao PCC não".
Melo diz ter "ficado sabendo" também que a dupla de policiais teria matado outros dois inocentes
no domingo: um adolescente "de uns 14 anos" que
estaria no carro junto com
os bandidos e "um trabalhador", que estava indo
para o serviço, viu tudo e,
por isso, foi morto.
Apesar da riqueza de detalhes, ninguém sabe os
nomes completos das vítimas, onde moram os parentes ou onde estariam
os corpos desses mortos.
Questionado, o secretário Ronaldo Marzagão minimizou os boatos anti-PM -"são um grão de sal"
na investigação, disse.
A boataria, porém, não
era unânime. Muitos moradores atribuíram o conflito a uma minoria de baderneiros. "Aqui é um
bairro ótimo, a maioria é
trabalhador, aquilo foi coisa de baderneiro", disse o
comerciante Elivalmir
Gomes de Melo, 46.
A empregada doméstica
Maria Aparecida de Jesus,
que matriculava a filha na
Escola Estadual Vila Andrade, na favela, dizia ter
sido ameaçada por rapazes drogados que participaram da depredação. Ela
já denunciou dois deles à
polícia e diz que "Paraisópolis só será um lugar bom
para se viver quando se livrar das drogas".
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