São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2009

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Ontem foi dia de boataria em Paraisópolis

DA REPORTAGEM LOCAL

As ruas e botequins de Paraisópolis eram um mar de boatos ontem. A tese mais ouvida: a de que a comunidade havia finalmente resolvido se rebelar contra a tirania de "Zoio Roxo" (ou "Raio") e "Nego Zica", dois policiais que aparecem nas falas de jovens do bairro como os autores não de apenas uma mas de quatro mortes no fim de semana -eles "tocam o terror", disse um morador à Folha.
A suposta dupla -cuja existência a polícia diz desconhecer- teria matado Marcos Porcino, 25, com quem o padeiro Daniel Melo, 27, diz ter "crescido junto", e mais um "companheiro de crime", de nome "Roni". Segundo o padeiro, os dois "faziam uns corres [delitos] mesmo", mas "não eram ligados ao PCC não".
Melo diz ter "ficado sabendo" também que a dupla de policiais teria matado outros dois inocentes no domingo: um adolescente "de uns 14 anos" que estaria no carro junto com os bandidos e "um trabalhador", que estava indo para o serviço, viu tudo e, por isso, foi morto.
Apesar da riqueza de detalhes, ninguém sabe os nomes completos das vítimas, onde moram os parentes ou onde estariam os corpos desses mortos.
Questionado, o secretário Ronaldo Marzagão minimizou os boatos anti-PM -"são um grão de sal" na investigação, disse.
A boataria, porém, não era unânime. Muitos moradores atribuíram o conflito a uma minoria de baderneiros. "Aqui é um bairro ótimo, a maioria é trabalhador, aquilo foi coisa de baderneiro", disse o comerciante Elivalmir Gomes de Melo, 46.
A empregada doméstica Maria Aparecida de Jesus, que matriculava a filha na Escola Estadual Vila Andrade, na favela, dizia ter sido ameaçada por rapazes drogados que participaram da depredação. Ela já denunciou dois deles à polícia e diz que "Paraisópolis só será um lugar bom para se viver quando se livrar das drogas".


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