São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Licenciaturas têm menor nota de corte no Enem

Dos cem cursos com as notas mais baixas, 75 são os que formam professores, como física e matemática

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os cursos que formarão os futuros professores do país são os que atraem alunos com as piores notas no Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
O sistema dá acesso a 47,9 mil vagas em instituições públicas de ensino. Até as 19h de ontem, 741 mil inscrições haviam sido registradas.
Dos cem cursos com as notas de corte mais baixas, 75 são de licenciatura em disciplinas como física e matemática.
Considerando-se todos os 1.293 cursos oferecidos no Sisu, a nota de corte da licenciatura era, em média, 10% menor do que a dos bacharelados.
Os dados do Sisu são preliminares porque o prazo de inscrição só terminaria ontem às 23h59, e a nota de corte foi calculada em relação aos estudantes que se candidataram a uma vaga até anteontem.
Mas a situação não é nova. Outra pesquisa divulgada em 2008 já mostrava que a carreira de professor no Brasil atrai os piores alunos do ensino médio, ao contrário do que ocorre em países com sucesso educacional. Na Finlândia, por exemplo, os futuros docentes são selecionados entre os 10% melhores alunos do ensino médio.
Aqui, para tornar mais rígida a seleção de professores, o MEC enviou ao Congresso, em 2009, um projeto de lei que permite à pasta estabelecer uma nota mínima no Enem para quem quiser entrar em cursos de formação de docentes. A proposta, porém, foi alterada na Câmara. O MEC tentará restituir o texto original no Senado.
Para Clélia Brandão, presidente do Conselho Nacional de Educação, as baixas notas nas licenciaturas é consequência da má valorização do magistério, causada pelo salário e pelas condições de trabalho.
Colocado o problema, ela defende que os cursos de formação de professores lidem com esse tipo de aluno, tentando suprir as deficiências que ele trouxe do ensino médio.
A secretária de Educação Básica do MEC, Maria Pilar Lacerda, concorda que a baixa atratividade da carreira é responsável por esse quadro. Ela afirma que o ministério está combatendo a situação com a instituição do piso do professor, das diretrizes da carreira e com o plano que oferece vagas para docentes em atividade em universidades públicas.
Ela avalia, porém, que parte da baixa atratividade também é causada pelo fato de que outras carreiras passaram a oferecer vantagens que antes eram praticamente exclusivas do magistério. Uma delas era a flexibilidade de horário para as mulheres. (ANGELA PINHO)


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