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Licenciaturas têm menor nota de corte no Enem
Dos cem cursos com as notas mais baixas, 75 são os que formam professores, como física e matemática
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cursos que formarão os
futuros professores do país são
os que atraem alunos com as
piores notas no Sisu (Sistema
de Seleção Unificada).
O sistema dá acesso a 47,9
mil vagas em instituições públicas de ensino. Até as 19h de
ontem, 741 mil inscrições haviam sido registradas.
Dos cem cursos com as notas
de corte mais baixas, 75 são de
licenciatura em disciplinas como física e matemática.
Considerando-se todos os
1.293 cursos oferecidos no Sisu,
a nota de corte da licenciatura
era, em média, 10% menor do
que a dos bacharelados.
Os dados do Sisu são preliminares porque o prazo de inscrição só terminaria ontem às
23h59, e a nota de corte foi calculada em relação aos estudantes que se candidataram a uma
vaga até anteontem.
Mas a situação não é nova.
Outra pesquisa divulgada em
2008 já mostrava que a carreira
de professor no Brasil atrai os
piores alunos do ensino médio,
ao contrário do que ocorre em
países com sucesso educacional. Na Finlândia, por exemplo,
os futuros docentes são selecionados entre os 10% melhores
alunos do ensino médio.
Aqui, para tornar mais rígida
a seleção de professores, o MEC
enviou ao Congresso, em 2009,
um projeto de lei que permite à
pasta estabelecer uma nota mínima no Enem para quem quiser entrar em cursos de formação de docentes. A proposta,
porém, foi alterada na Câmara.
O MEC tentará restituir o texto
original no Senado.
Para Clélia Brandão, presidente do Conselho Nacional de
Educação, as baixas notas nas
licenciaturas é consequência da
má valorização do magistério,
causada pelo salário e pelas
condições de trabalho.
Colocado o problema, ela defende que os cursos de formação de professores lidem com
esse tipo de aluno, tentando suprir as deficiências que ele trouxe do ensino médio.
A secretária de Educação Básica do MEC, Maria Pilar Lacerda, concorda que a baixa atratividade da carreira é responsável por esse quadro. Ela afirma
que o ministério está combatendo a situação com a instituição do piso do professor, das diretrizes da carreira e com o plano que oferece vagas para docentes em atividade em universidades públicas.
Ela avalia, porém, que parte
da baixa atratividade também é
causada pelo fato de que outras
carreiras passaram a oferecer
vantagens que antes eram praticamente exclusivas do magistério. Uma delas era a flexibilidade de horário para as mulheres.
(ANGELA PINHO)
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