São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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Obra desapropriará tanto quanto metrô

Sobreposição de vias tenta poupar edifícios em região nobre, mas área desapropriada será igual à da linha 17

Intervenções previstas na Operação Urbana Água Espraiada são detalhadas em projeto de lei enviado à Câmara

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) decidiu lançar mão de uma alternativa viária pouco usual em São Paulo -a sobreposição de vias- para poder prolongar a avenida Chucri Zaidan, nas valorizadas regiões do Morumbi (zona oeste) e Brooklin (zona sul).
Em um trecho de 1 km, a avenida terá duas pistas na superfície e outras duas no subsolo, cada uma com duas faixas.
As pistas subterrâneas serão vias expressas, para quem está de passagem. Já as da superfície terão corredor para ônibus e tráfego local, com acesso a outras vias.
O objetivo é evitar a desapropriação de um número maior de "edifícios verticais e de grande porte" na região.
Apesar da estratégia, a obra vai desapropriar 180 imóveis, numa área de 123,6 mil m2 (17 campos de futebol), semelhante à da linha 17-ouro do metrô, também na zona sul, que terá 21,6 km.
Entre os imóveis atingidos estão duas concessionárias de veículos de luxo -Porsche e BMW- e uma agência da Caixa, que será desativada.
A Chucri Zaidan, que acaba no shopping Morumbi, será estendida por 3,4 km até a av. João Dias, em Santo Amaro. Ligada à av. Luis Carlos Berrini, formará um corredor paralelo à marginal Pinheiros.
O detalhamento da obra foi oficializado por Kassab no projeto de lei 25/11, enviado no último dia 27 à Câmara -é a primeira proposta do Executivo entregue neste ano.
O projeto detalha ainda outras duas intervenções previstas na Operação Urbana Água Espraiada.
Uma é o prolongamento da avenida Jornalista Roberto Marinho até a rodovia dos Imigrantes, que terá um túnel de 2.350 metros e um parque linear na superfície.
A outra é a construção de uma nova ponte sobre o rio Pinheiros, na região do parque Burle Marx, entre as pontes Morumbi e João Dias.
Durante as obras, haverá intervenções em 48 ruas e avenidas, como alargamentos e aberturas, além de escavações feitas pelo tatuzão, o mesmo usado no metrô.
Mas haverá piora do trânsito também a longo prazo, diz o estudo de impacto ambiental da obra (EIA-Rima), pois o novo corredor Chucri Zaidan-Berrini atrairá tráfego antes destinado a vias como a marginal e a av. Santo Amaro.

POLÊMICA
O projeto de Kassab terá resistência na Câmara. José Américo, líder do PT, diz que ele não deixa claras as contrapartidas sociais das intervenções e se as soluções técnicas escolhidas são adequadas.
"O que vai ser feito com os moradores das favelas? E os túneis são a melhor solução numa área tão próxima ao rio Pinheiros?", questiona.
Para ele e a arquiteta Lucila Lacreta, do Movimento Defenda SP, o projeto deveria ter sido discutido com a população. "É preciso primeiro discutir o EIA-Rima e aí enviar o projeto à Câmara."


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