São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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Presos são forçados a trocar beijos em Pernambuco

Cena acompanhada por homem com farda da PM e capuz está na internet

Governo diz que já identificou os presos e que agora vai tentar descobrir quem foram os autores do abuso

RODRIGO VIZEU
DE SÃO PAULO

Dois presos foram forçados a trocar beijos enquanto eram observados por um homem que vestia a farda da Polícia Militar de Pernambuco. A cena chegou à internet e também à cúpula da segurança pernambucana.
O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, disse em entrevista coletiva considerar o vídeo "bastante constrangedor".
Ele afirmou que os presos foram identificados, mas que ainda não se sabe a autoria da ação nem quando ou onde o fato ocorreu.
"Passa uma língua na outra, vai!", "Que coisa linda!", são alguns trechos do vídeo com os dois presos que circula na internet. Nas cenas, os presos são "dirigidos" pelos supostos policiais. O homem com farda da PM aparece ao fundo, encapuzado.
Os supostos policiais seguram os detentos, que estão com as mãos para trás, e empurram um contra o outro. Mandam eles se encostarem e pedem que repitam a cena. "Não vi, não", ironizam.
Além do aparelho que grava o vídeo, três celulares aparecem apontados para a dupla. Os homens são chamados de "macacos" e obedecem às ordens em silêncio e visivelmente constrangidos, alternando olhos fechados com olhares para o chão. Os supostos policiais riem praticamente o tempo todo.

SINDICÂNCIA
Segundo o secretário de Defesa Social, uma sindicância foi aberta para apurar o caso, com prazo de 30 dias.
O secretário ponderou, no entanto, que no universo dos policiais do Estado "um ou outro fato desagradável vai ocorrer" e que o ocorrido "não macula o trabalho" da segurança pública.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco, Henrique Mariano, disse, em nota, considerar "lastimável" que a polícia "dê exemplos de afronta aos princípios elementares de direitos humanos, de civilidade e de respeito à dignidade da pessoa humana".
Ele afirmou que as cenas são de "abuso de autoridade baseado na certeza de impunidade" e que tipificam ainda crime de racismo.


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