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Com faixas e cartazes, foliões ironizaram políticos e fizeram sátiras contra o escândalo dos grampos baianos
Em Salvador, bloco critica Lula, Bush e ACM
MANUELA MARTINEZ
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Com pouco mais de dois meses
de governo, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi criticada ontem à tarde por cerca de
3.000 integrantes do bloco Mudança do Garcia, no quinto dia
oficial do Carnaval de Salvador.
Sem os potentes amplificadores
dos trios elétricos tradicionais, o
bloco recorreu às faixas e cartazes
para ironizar políticos e satirizar o
escândalo dos grampos baianos.
O programa Fome Zero, lançado pelo PT, não escapou das sátiras. "Para zerar a fome no Brasil,
só retirando o estômago do povo", dizia uma das faixas.
"Existem três condições para
você ter uma amante: a primeira é
assistir à novela das 20h; a segunda é participar do "Big Brother'; e
a terceira, pergunte ao Toninho"
(uma referência ao senador Antonio Carlos Magalhães, que teria
mandado grampear o telefone de
Adriana Barreto, sua ex-namorada), informava um cartaz. Caricaturas associando ACM aos grampos decoravam três carroças puxadas por cavalos que invadiram
o Campo Grande (centro), a principal passarela da folia baiana.
Desde que iniciou a sua participação no Carnaval de Salvador,
há 53 anos, o bloco não utiliza seguranças ou abadás para identificar os seus foliões. "O nosso Carnaval é para o povo", disse Lourival Chaves, um dos organizadores
da entidade.
A eventual guerra entre os EUA
e o Iraque também serviu de tema
para o desfile do bloco. "É muita
bucha para um Bush só", dizia
uma faixa, referindo-se ao arsenal
de guerra dos norte-americanos.
Os primeiros-ministros Tony
Blair (Inglaterra) e Ariel Sharon
(Israel), aliados dos EUA, também foram satirizados pelos foliões. Segundo seus dirigentes, o
bloco começou a desfilar na década de 20, para ironizar uma prostituta que morava no bairro. Mas
somente na década de 50 é que o
bloco ganhou a estrutura atual.
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