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JUVENTUDE ENCARCERADA
Febem liberou a visita de mães; projeto é iniciativa para reduzir rebeliões e maus-tratos
"Ele precisa de apoio", diz mãe de interno
DA REPORTAGEM LOCAL
"Para a sociedade eu não sou a
Ginaine. Sou a mãe de um marginal. É difícil lidar com isso, lamento essa discriminação." Segundo a
dona-de-casa Ginaine Marta Pastega, 36, a família passou por
"momentos difíceis" após o filho
dela, de 17 anos, ser detido por
roubo a mão armada, em dezembro do ano passado.
"O meu marido não queria visitá-lo na Febem. Só agora é que
"caiu a ficha" e ele percebeu que o
nosso garoto precisa de apoio. O
meu filho também se conscientizou do erro que fez. Não passo a
mão na cabeça dele. Ele tem de assumir e responder pelo que fez",
afirmou.
Ginaine faz parte do projeto
Mães na Febem, uma das iniciativas para conter rebeliões nas unidades da fundação e acabar com
os maus-tratos contra os jovens.
A visita das mães começou na semana passada.
Ontem, elas estiveram no complexo do Tatuapé, na zona leste de
São Paulo, que conta com 18 unidades e foi palco de rebeliões e fugas nos últimos dias, depois de ser
anunciada a demissão de 1.751
funcionários.
Na entrada, alguns internos pulavam na cama elástica. Na semana passada, eles se rebelaram e
queimaram colchões.
A reportagem da Folha acompanhou as mães em sua visita à
unidade 1, onde estão internos
primários que cometeram crimes
graves como roubo e tráfico de
drogas.
Não foi possível acompanhar,
no entanto, a entrada das mulheres nas unidades mais problemáticas -como é o caso da 39, onde
funcionários estariam com dificuldades para lidar com os adolescentes.
Na opinião do interno Jonas
(nome fictício), de 17 anos, que há
um ano está na unidade 1, pela
primeira vez os adolescentes estão recebendo medidas sócio-educativas. "Antes era só tranca e
agressão. Não podíamos fazer nada. Tudo era motivo para espancamentos", disse o adolescente.
Durante a visita, o adolescente
Marcos (nome fictício), 18, correu
em direção a uma das mães. Queria exibir um desenho. "Agora,
posso mostrar o que posso, quero
e sei fazer", disse ele, que foi internado por causa de envolvimento
com o tráfico. "Eu sei que errei,
mas quero seguir o caminho certo. Eu quero sair daqui de cabeça
erguida."
As principais reclamações dos
internos são a demora no atendimento médico e a falta de produtos de limpeza. A Febem informou que as reivindicações serão
estudadas.
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