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entrevista
Tenho medo do Supremo, diz desembargador
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Desembargador do Tribunal de Justiça gaúcho,
Rui Portanova, 58, defensor da união estável entre
pessoas do mesmo sexo e
que tem cem decisões a favor de casais gays, diz que
o STF não é o melhor caminho para discutir o assunto por ter uma "mentalidade que teria dificuldade em aceitar a situação".
FOLHA - Casais gays têm direito à união estável?
RUI PORTANOVA - Sim, é direito. No Brasil não existe
nenhuma lei proibindo o
homossexualismo. Se não
é proibido, é permitido.
FOLHA - Como o senhor vê essa ação no STF?
PORTANOVA - Eu não mexeria com o Supremo.
FOLHA - Mas o STF deve debater os grandes temas do país.
PORTANOVA - Acho que
sim, só que eu, como sou a
favor das uniões dos homossexuais, acho que o
Supremo tem um tipo de
mentalidade que teria
muita dificuldade em aceitar hoje essa situação. Não
arriscaria levar ao STF essa decisão.
FOLHA - Por que esse medo?
PORTANOVA - Esse é um tipo de avanço que a sociedade brasileira tem de
amadurecer. Fere a dignidade da pessoa. O não reconhecimento da união
estável é uma afronta à
Constituição.
FOLHA - Por que o direito não
acompanha as mudanças na
sociedade?
PORTANOVA - Essa é uma
mudança profunda na sociedade brasileira, conservadora e católica.
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