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Governo afirma que facção movimentou R$ 63 milhões
Relatório do Coaf afirma que a quantia foi movimentada por 686 contas correntes
Transações, atribuídas ao PCC, foram divididas em quantias menores e envolveram 2.607 pessoas; documento detalha ainda bloqueios judiciais
ANDRÉA MICHAEL
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em relatório divulgado ontem, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detalha um levantamento
relacionado ao crime organizado de São Paulo.
Apesar de o relatório não citar explicitamente o nome da
facção criminosa, a Folha apurou tratar-se do PCC (Primeiro
Comando da Capital), que teria
movimentado R$ 63 milhões,
entre novembro de 2005 e julho de 2007, por meio de 686
contas correntes.
A maioria das transações
bancárias foi feita de forma
pulverizada -80% delas inferiores a R$ 100 mil e 20% delas
superiores a R$ 100 mil.
O relatório informa que, no
período, foram identificadas
2.607 pessoas relacionadas direta ou indiretamente ao crime
organizado em São Paulo, das
quais 748 constaram de relatórios de informações [do Coaf],
252 continuam em fase de pesquisa e sobre outras 1.607 nada
constava inicialmente.
O presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, explicou que o conselho criou uma
rede de informações de pessoas
que movimentaram dinheiro
ou bens com pessoas supostamente ligadas ao crime organizado. Não está provado que todas essas movimentações sejam de pessoas ligadas ao PCC.
"O Coaf não é um banco de criminosos. Não fazemos denúncias-crime. Apenas encontramos uma possível ligação de ilícito", explicou Rodrigues.
Operações de combate
Os dados integram um balanço de atividades do Coaf em
2007, em que se destaca que,
em apenas três operações de
combate ao crime organizado
(Kasper, Exodus e Hurricane),
o órgão colaborou para o bloqueio judicial de cerca de R$ 10
milhões, parte em dólares (US$
1,2 milhão), e R$ 20 milhões em
ativos que podem ter sido obtidos criminalmente.
O relatório também destaca
que, desde janeiro de 2003, as
informações fornecidas pelo
Coaf à Justiça contribuíram para o bloqueio judicial de R$ 62,3
milhões. Só em 2007, foram
bloqueados R$ 17,7 milhões.
"[O dinheiro circulou] em
contas correntes ou previdências privadas pertencentes a
pessoas investigadas por crime
de lavagem de dinheiro ou outros crimes conexos", diz o relatório de atividades do Coaf.
O Estado do Rio é o recordista de bloqueios da Justiça em
contas suspeitas de lavagem de
dinheiro. Foram R$ 21,2 milhões entre janeiro de 2003 e
dezembro do ano passado.
São Paulo aparece em segundo lugar, com R$ 14,4 milhões
bloqueados. Toda a região Sudeste responde por 61% dos
bloqueios judiciais em contas
do país.
Joalherias
Rodrigues afirmou que as
movimentações com joalherias
e obras de arte serão prioridade
na fiscalização deste ano. Ele
explicou que, nos últimos dez
anos, o Coaf recebeu apenas 14
notificações de operações atípicas de joalherias.
No ano passado, a prioridade
foram as operações de compra
e venda de imóveis. O Coaf recebeu informações de 1.736
operações imobiliárias suspeitas, ante 747 comunicações no
ano anterior. Além das transações bancárias, estão obrigados
a informar operações em espécie superiores a R$ 10 mil ou
aquelas consideradas suspeitas
os setores de seguros, loterias,
imobiliárias, objetos de artes e
joalherias.
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