São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Haroldo de Andrade, pioneiro do rádio

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os mesmos ouvintes que abandonaram os auditórios lotados das radionovelas, no fim da era de ouro do rádio, nos anos 1950, deixaram-se cativar por sua voz, a despeito da chegada da televisão.
O "grande comunicador" do Rio nasceu em Curitiba. Aos 11 fugiu de casa, brigado com o pai. Dormia no banco da praça Tiradentes quando o dono da padaria lhe deu abrigo e um emprego de faxineiro do prédio, onde também funcionava um estúdio de alto-falantes. Começou com seu vozeirão anunciando em parques de diversão.
Quando foi descoberto pela rádio local e logo pela rádio Mauá, do Rio, para onde foi em 1954, ser locutor comercial. "Andava com a pastinha debaixo do braço atrás de patrocínio", diz o filho, fumando três maços de cigarro por dia. Casado aos 17, teve oito filhos e 13 netos.
Quando sobrou um horário na programação, criou o "Musifone", pioneiro ao permitir a participação interativa dos ouvintes, que entravam no ar pedindo músicas. Tornou-se líder de audiência. Em 1960 foi para a Rádio Globo, criar o programa que levou seu nome por 45 anos.
Aberto com o indefectível "bom dia", e repleto de entrevistas e debates, o Programa Haroldo de Andrade mereceu prêmios até da revista Billboard. Haroldo de Andrade até fez televisão, mas nunca largou o rádio.
Em 2002 saiu da Globo "com mágoa", comprou a freqüência da mesma Mauá que o lançara no rádio, batizou-a com seu nome e continuou o programa, em 2005.
Morreu no sábado, aos 73, devido ao diabetes. Seu programa, porém, continua, nas mãos de um dos oito filhos.


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