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Haroldo de Andrade, pioneiro do rádio
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mesmos ouvintes que
abandonaram os auditórios
lotados das radionovelas, no
fim da era de ouro do rádio,
nos anos 1950, deixaram-se
cativar por sua voz, a despeito da chegada da televisão.
O "grande comunicador"
do Rio nasceu em Curitiba.
Aos 11 fugiu de casa, brigado
com o pai. Dormia no banco
da praça Tiradentes quando
o dono da padaria lhe deu
abrigo e um emprego de faxineiro do prédio, onde também funcionava um estúdio
de alto-falantes. Começou
com seu vozeirão anunciando em parques de diversão.
Quando foi descoberto pela rádio local e logo pela rádio
Mauá, do Rio, para onde foi
em 1954, ser locutor comercial. "Andava com a pastinha
debaixo do braço atrás de patrocínio", diz o filho, fumando três maços de cigarro por
dia. Casado aos 17, teve oito
filhos e 13 netos.
Quando sobrou um horário na programação, criou o
"Musifone", pioneiro ao permitir a participação interativa dos ouvintes, que entravam no ar pedindo músicas.
Tornou-se líder de audiência. Em 1960 foi para a Rádio
Globo, criar o programa que
levou seu nome por 45 anos.
Aberto com o indefectível
"bom dia", e repleto de entrevistas e debates, o Programa Haroldo de Andrade mereceu prêmios até da revista
Billboard. Haroldo de Andrade até fez televisão, mas
nunca largou o rádio.
Em 2002 saiu da Globo
"com mágoa", comprou a freqüência da mesma Mauá que
o lançara no rádio, batizou-a
com seu nome e continuou o
programa, em 2005.
Morreu no sábado, aos 73,
devido ao diabetes. Seu programa, porém, continua, nas
mãos de um dos oito filhos.
obituario@folhasp.com.br
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