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Cresce ação do PCC no exterior, dizem EUA
Criminosos da facção e do CV agiriam na Bolívia, no Paraguai e, "possivelmente", em Portugal, segundo o governo americano
Autoridades brasileiras que investigam a ação do PCC no exterior são céticas sobre a presença da organização criminosa em Portugal
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
As organizações criminosas
brasileiras Primeiro Comando
da Capital (PCC), de São Paulo,
e Comando Vermelho (CV), do
Rio de Janeiro, aumentaram
sua presença internacional,
atuando em países como Bolívia, Paraguai e, "possivelmente", Portugal. A afirmação é do
relatório anual do Departamento de Estado dos EUA que
traça um painel da situação das
drogas no mundo.
Segundo o texto, divulgado
na sexta, crescem também as ligações do PCC e do CV com traficantes colombianos e mexicanos. A renda da colaboração no
exterior os ajudaria a comprar
armas e a manter o controle de
favelas em cidades como Rio e
São Paulo. A conclusão vem a
público num momento em que
Portugal especula sobre a presença de dois supostos membros do PCC no país e a criação
de uma facção local.
O relatório, que refere-se a
2008, é elaborado por ordem
do Congresso dos EUA e foi feito ainda sob o governo do republicano George W. Bush. Autoridades brasileiras que investigam a internacionalização do
PCC são céticas sobre a presença dos criminosos em Portugal.
O texto cita a imprensa portuguesa sobre o surgimento do
que batizaram de "PCP (Primeiro Comando de Portugal)"
-seria formado por imigrantes
brasileiros e atuaria principalmente na Margem Sul do Tejo,
na Grande Lisboa. Os jornais
"Diário de Notícias" e "Correio
da Manhã" citam fontes policiais para apontar a ligação de
dois brasileiros ao "PCP".
Um seria Edivaldo Rodrigues, preso em 2008, acusado
de ter matado um ourives em
Setúbal, ao sul de Lisboa. O outro seria o foragido Moisés Teixeira da Silva, que segundo a
Polícia Federal brasileira participou do furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, em 2005. Autoridades
portuguesas não comentam a
existência do "PCP" nem a ligação dos suspeitos.
No relatório da chancelaria
norte-americana, Portugal é
apontado como o porto de entrada para a Europa da cocaína
traficada de países andinos via
Brasil e Venezuela, com primeira escala em países do oeste
da África.
O texto diz que a droga produzida na Bolívia entra pelo
Brasil via Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul e por Guaíra, no
Paraná. "A cidade se tornou um
dos principais pontos de entrada de armas, munição e drogas
do Brasil", afirma o Departamento de Estado, que cita investigação do Congresso brasileiro para dizer que o PCC
"conduz abertamente a venda
de armas naquela área". O relatório usa tanto dados da inteligência dos EUA quanto dos países citados.
Segundo o juiz federal de
Campo Grande (MS) Odilon
Oliveira, o PCC também faz esconderijos, compra armas e
busca drogas no Paraguai.
"Há muitos [do PCC] atuando no território paraguaio,
cumprindo obrigações à facção,
como sequestros e homicídios.
Outros são encarregados de
buscar cocaína na Bolívia."
A atuação do PCC na fronteira não se dá apenas por meio de
emissários, diz o delegado da
PF em Barra do Garças (540
km de Cuiabá), Éder Magalhães. Responsável por investigação que resultou na prisão de
41 pessoas, ele diz que os criminosos compraram ou arrendaram pelo menos 14 fazendas em
Mato Grosso e duas em Mato
Grosso do Sul, a maioria para
receber e distribuir drogas.
Cenário brasileiro
Sobre o Brasil em geral, o texto afirma que o país é um dos 20
principais produtores e corredores de drogas do mundo e um
dos 60 considerados os maiores
lavadores de dinheiro (EUA e
Reino Unido incluídos). Afirma
ainda que é o segundo maior
consumidor de cocaína, atrás
apenas dos EUA.
Apesar de protestos dos governos do Brasil, Argentina e
Paraguai, a chancelaria continua acreditando que a região da
Tríplice Fronteira é fonte de financiamento para terroristas
-os nomes dos grupos radicais
Hezbollah e Hamas são mencionados como beneficiados. A
Galeria Pagé e a Casa Hamze,
em Ciudad del Este, seriam
"usadas para gerar ou movimentar fundos terroristas".
Colaborou RODRIGO VARGAS , da Agência Folha, em Cuiabá
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