São Paulo, sexta, 4 de abril de 1997.

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OS ENVOLVIDOS
O ex-comandante Pedro Matheus aparece como `contato' da empresa de segurança SPV, o que seria irregular
Oficial detido tem ligação com empresa

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O ex-comandante do 24º Batalhão da PM de Diadema (Grande SP) tentente-coronel Pedro Pereira Matheus, detido anteontem, tem ligação com uma empresa de segurança privada em São Paulo, o que não é permitido pelo regulamento disciplinar da corporação.
Matheus comandou até anteontem o batalhão, envolvido nos crimes de policiais militares contra a população dos arredores da favela Naval, em Diadema.
Ele foi detido no mesmo dia de seu afastamento, responsabilizado pela fuga do cabo Ricardo Luiz Buzeto, que participou da violência de PMs contra os moradores da favela Naval.
A Folha obteve o Cadastro Geral de Empresas de Vigilância com Alvará em São Paulo onde consta a empresa SPV (Serviços de Prevenção e Vigilância Ltda.).
Consta como diretores da empresa, que fica em Cidade Dutra (zona sul), Alberto Pereira Matheus e Marianita Veloso Pereira Matheus -pessoas com o mesmo sobrenome do comandante.
O nome do tenente-coronel aparece como ``contato'' da empresa.
Na maioria das 290 empresas de segurança citadas no cadastro geral, o nome do contado é o mesmo da diretoria.
Segundo um tenente-coronel da PM que pediu para que seu nome não fosse revelado por ser subordinado por tempo de serviço a Matheus, o regulamento disciplinar da corporação proíbe e considera transgressão disciplinar o exercício de atividade remunerada fora da corporação.
Essa falta disciplinar é aplicada nos casos de vinculação com empresas ou empregos prestadores de serviço, como é considerada a segurança privada. A punição, nesses casos, vai de repreensão administrativa à prisão.
O caso mais grave é o envolvimento de um oficial da ativa com uma atividade considerada estritamente comercial, como possuir uma loja, por exemplo. Esse caso é considerado crime e o oficial responde pelo artigo 204 do Código Penal Militar. Ao transgressor, pode ser imposta a suspensão do comando que eventualmente exerça.
A Folha ligou para o número que consta do catálogo telefônico em nome de Pedro Pereira Matheus e uma mulher atendeu em nome da SPV, empresa de segurança.
O telefone que consta do cadastro geral de empresas de vigilância também está em nome de Matheus, de acordo com consulta à Telesp.
A mulher que atendeu o telefone e não quis se identificar disse que o tenente-coronel Matheus não tinha ligação com a empresa.

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