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OS ENVOLVIDOS
O ex-comandante Pedro Matheus aparece como `contato' da empresa de segurança SPV, o que seria irregular
Oficial detido tem ligação com empresa
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O ex-comandante do 24º Batalhão da PM de
Diadema (Grande SP) tentente-coronel Pedro Pereira Matheus, detido
anteontem, tem ligação com uma
empresa de segurança privada em
São Paulo, o que não é permitido
pelo regulamento disciplinar da
corporação.
Matheus comandou até anteontem o batalhão, envolvido nos crimes de policiais militares contra a
população dos arredores da favela
Naval, em Diadema.
Ele foi detido no mesmo dia de
seu afastamento, responsabilizado
pela fuga do cabo Ricardo Luiz Buzeto, que participou da violência
de PMs contra os moradores da favela Naval.
A Folha obteve o Cadastro Geral
de Empresas de Vigilância com Alvará em São Paulo onde consta a
empresa SPV (Serviços de Prevenção e Vigilância Ltda.).
Consta como diretores da empresa, que fica em Cidade Dutra
(zona sul), Alberto Pereira Matheus e Marianita Veloso Pereira
Matheus -pessoas com o mesmo
sobrenome do comandante.
O nome do tenente-coronel aparece como ``contato'' da empresa.
Na maioria das 290 empresas de
segurança citadas no cadastro geral, o nome do contado é o mesmo
da diretoria.
Segundo um tenente-coronel da
PM que pediu para que seu nome
não fosse revelado por ser subordinado por tempo de serviço a Matheus, o regulamento disciplinar
da corporação proíbe e considera
transgressão disciplinar o exercício de atividade remunerada fora
da corporação.
Essa falta disciplinar é aplicada
nos casos de vinculação com empresas ou empregos prestadores
de serviço, como é considerada a
segurança privada. A punição,
nesses casos, vai de repreensão administrativa à prisão.
O caso mais grave é o envolvimento de um oficial da ativa com
uma atividade considerada estritamente comercial, como possuir
uma loja, por exemplo. Esse caso é
considerado crime e o oficial responde pelo artigo 204 do Código
Penal Militar. Ao transgressor, pode ser imposta a suspensão do comando que eventualmente exerça.
A Folha ligou para o número que
consta do catálogo telefônico em
nome de Pedro Pereira Matheus e
uma mulher atendeu em nome da
SPV, empresa de segurança.
O telefone que consta do cadastro geral de empresas de vigilância
também está em nome de Matheus, de acordo com consulta à
Telesp.
A mulher que atendeu o telefone
e não quis se identificar disse que o
tenente-coronel Matheus não tinha ligação com a empresa.
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