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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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PNEUMONIA ASIÁTICA

Jornalista britânica continua em quarto isolado no hospital Albert Einstein

Primeiro exame não descarta doença

Vincent Yu/Associated Press
Usando máscaras para se proteger da pneumonia asiática, grupo de budistas reza, em Hong Kong, pedindo o controle da doença e a paz mundial


FABIANE LEITE
CLÁUDIA COLUCCI

DA REPORTAGEM LOCAL

Permanece a suspeita de que a jornalista britânica internada desde terça-feira em São Paulo tenha contraído a pneumonia asiática. Um primeiro exame de sangue para verificar a presença de bactérias no organismo da paciente deu negativo, segundo boletim divulgado ontem pelo hospital Albert Einstein (zona oeste de SP), onde ela está em quarto isolado.
Caso o exame, a cultura de bactérias, tivesse dado positivo, estaria encerrado o caso: seria prova de que a paciente sofre os sintomas de uma pneumonia comum.
A cultura de bactérias é um procedimento executado normalmente em casos de pacientes que apresentam infecções graves.
"Não confirma a pneumonia bacteriana, mas também não afasta totalmente essa hipótese. E continua a suspeita de Sars [sigla em inglês para a pneumonia asiática"", disse, sobre o resultado do exame, Luiz Jacintho da Silva, superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) de São Paulo e um dos interlocutores da Secretaria de Estado da Saúde sobre o caso. A pneumonia asiática já matou 79 pessoas no mundo.
O resultado negativo não exclui a pneumonia bacteriana. Eventualmente, outros exames e o acompanhamento da paciente poderão indicar que se tratava da doença de origem bacteriana.
Nem todas as pessoas que sofrem de pneumonia causada por bactérias têm resultado positivo nesse exame, pois "a cultura não é 100% sensível [a todas as bactérias]", disse Carlos Magno Fortaleza, diretor do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo.
Continuam os trabalhos do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e da Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, em busca do isolamento do agente causador da doença da jornalista.
"É provável que não seja [pneumonia bacteriana]", afirmou Jarbas Barbosa, diretor do Centro Nacional de Epidemiologia, que esteve ontem em São Paulo.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) não sabe ainda qual é o agente causador dessa doença, mas estudos sugerem que seja um vírus da família coronavírus.
Em entrevista anteontem o ministro da Saúde, Humberto Costa, destacou que os primeiros exames apontavam para a possibilidade de a pneumonia ser bacteriana. Ontem, ao ser informado do boletim do Albert Einstein, limitou-se a dizer que o resultado pode ser um indício da pneumonia asiática, mas que ainda há a possibilidade de ser outra doença. "Não há exame específico para detectar a pneumonia [asiática]."

Estado de saúde
A assessoria de imprensa da ITV, emissora de televisão britânica em que a jornalista trabalha, informou que, em telefonema ontem, ela disse estar bem. A febre estaria cedendo.
De acordo com a assessoria, 20 jornalistas que viajaram com ela no mesmo avião estão bem e não apresentam nenhum possível sintoma de pneumonia.
A rede de TV informou ainda que a jornalista começou a passar mal ainda em Londres, antes de embarcar para o Brasil para cobrir o GP de F-1. Ela fez uma escala de duas horas em Cingapura.
A assessoria de imprensa da rede Novotel informou que a jornalista ficou algumas horas na unidade do Morumbi (zona oeste). Passando mal, foi encaminhada ao atendimento médico. O hotel, por precaução, mantinha isolado o quarto em que ela esteve. O Centro de Vigilância Sanitária recomendou apenas que o local fosse lavado. Não há isolamento dos demais jornalistas que estiveram com ela e que estão no local.

Internação
A Secretaria da Saúde de São Paulo informou, à noite, a internação "por precaução" de um paciente com febre alta na área de isolamento do Hospital São Paulo, na zona sul.
Segundo a secretaria, o paciente atualmente não é considerado caso suspeito da pneumonia asiática por não se adequar a um dos critérios determinados pela OMS para a classificação de caso suspeito: a passagem do doente por locais em que há transmissão da doença (áreas com casos contraídos no próprio local).
O paciente esteve na Tailândia, local que registra apenas casos importados, e Japão, onde não há notificação de casos da doença. Ele trabalha na Toyota e desembarcou ontem em São Paulo para acompanhar o GP de F-1, que será realizado no domingo.
O infectologista Eduardo Medeiros, chefe do serviço de proteção e controle de infecção hospitalar do Hospital São Paulo, chegou a confirmar, por volta das 19h de ontem, o caso como suspeito. Quase três horas depois, informou ter reavaliado o quadro e mudado de idéia. O Hospital São Paulo foi um dos escolhidos pelo Ministério da Saúde para atender casos de suspeita da doença.
Disse que concordava com a avaliação da secretaria. "Não se trata de caso suspeito, pelos critérios epidemiológicos."
Segundo o infectologista, o paciente deve deixar o isolamento.


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