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PNEUMONIA ASIÁTICA
Jornalista britânica continua em quarto isolado no hospital Albert Einstein
Primeiro exame não descarta doença
Vincent Yu/Associated Press
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Usando máscaras para se proteger da pneumonia asiática, grupo de budistas reza, em Hong Kong, pedindo o controle da doença e a paz mundial |
FABIANE LEITE
CLÁUDIA COLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Permanece a suspeita de que a
jornalista britânica internada desde terça-feira em São Paulo tenha
contraído a pneumonia asiática.
Um primeiro exame de sangue
para verificar a presença de bactérias no organismo da paciente
deu negativo, segundo boletim divulgado ontem pelo hospital Albert Einstein (zona oeste de SP),
onde ela está em quarto isolado.
Caso o exame, a cultura de bactérias, tivesse dado positivo, estaria encerrado o caso: seria prova
de que a paciente sofre os sintomas de uma pneumonia comum.
A cultura de bactérias é um procedimento executado normalmente em casos de pacientes que
apresentam infecções graves.
"Não confirma a pneumonia
bacteriana, mas também não
afasta totalmente essa hipótese. E
continua a suspeita de Sars [sigla
em inglês para a pneumonia asiática"", disse, sobre o resultado do
exame, Luiz Jacintho da Silva, superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) de São Paulo e um dos interlocutores da Secretaria de Estado da Saúde sobre o caso. A pneumonia asiática já matou 79 pessoas no mundo.
O resultado negativo não exclui
a pneumonia bacteriana. Eventualmente, outros exames e o
acompanhamento da paciente
poderão indicar que se tratava da
doença de origem bacteriana.
Nem todas as pessoas que sofrem de pneumonia causada por
bactérias têm resultado positivo
nesse exame, pois "a cultura não é
100% sensível [a todas as bactérias]", disse Carlos Magno Fortaleza, diretor do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo.
Continuam os trabalhos do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e
da Fundação Oswaldo Cruz, do
Rio de Janeiro, em busca do isolamento do agente causador da
doença da jornalista.
"É provável que não seja [pneumonia bacteriana]", afirmou Jarbas Barbosa, diretor do Centro
Nacional de Epidemiologia, que
esteve ontem em São Paulo.
A OMS (Organização Mundial
da Saúde) não sabe ainda qual é o
agente causador dessa doença,
mas estudos sugerem que seja um
vírus da família coronavírus.
Em entrevista anteontem o ministro da Saúde, Humberto Costa,
destacou que os primeiros exames apontavam para a possibilidade de a pneumonia ser bacteriana. Ontem, ao ser informado
do boletim do Albert Einstein, limitou-se a dizer que o resultado
pode ser um indício da pneumonia asiática, mas que ainda há a
possibilidade de ser outra doença.
"Não há exame específico para
detectar a pneumonia [asiática]."
Estado de saúde
A assessoria de imprensa da
ITV, emissora de televisão britânica em que a jornalista trabalha,
informou que, em telefonema ontem, ela disse estar bem. A febre
estaria cedendo.
De acordo com a assessoria, 20
jornalistas que viajaram com ela
no mesmo avião estão bem e não
apresentam nenhum possível sintoma de pneumonia.
A rede de TV informou ainda
que a jornalista começou a passar
mal ainda em Londres, antes de
embarcar para o Brasil para cobrir o GP de F-1. Ela fez uma escala de duas horas em Cingapura.
A assessoria de imprensa da rede Novotel informou que a jornalista ficou algumas horas na unidade do Morumbi (zona oeste).
Passando mal, foi encaminhada
ao atendimento médico. O hotel,
por precaução, mantinha isolado
o quarto em que ela esteve. O
Centro de Vigilância Sanitária recomendou apenas que o local fosse lavado. Não há isolamento dos
demais jornalistas que estiveram
com ela e que estão no local.
Internação
A Secretaria da Saúde de São
Paulo informou, à noite, a internação "por precaução" de um paciente com febre alta na área de
isolamento do Hospital São Paulo, na zona sul.
Segundo a secretaria, o paciente
atualmente não é considerado caso suspeito da pneumonia asiática por não se adequar a um dos
critérios determinados pela OMS
para a classificação de caso suspeito: a passagem do doente por
locais em que há transmissão da
doença (áreas com casos contraídos no próprio local).
O paciente esteve na Tailândia,
local que registra apenas casos
importados, e Japão, onde não há
notificação de casos da doença.
Ele trabalha na Toyota e desembarcou ontem em São Paulo para
acompanhar o GP de F-1, que será
realizado no domingo.
O infectologista Eduardo Medeiros, chefe do serviço de proteção e controle de infecção hospitalar do Hospital São Paulo, chegou a confirmar, por volta das 19h
de ontem, o caso como suspeito.
Quase três horas depois, informou ter reavaliado o quadro e
mudado de idéia. O Hospital São
Paulo foi um dos escolhidos pelo
Ministério da Saúde para atender
casos de suspeita da doença.
Disse que concordava com a
avaliação da secretaria. "Não se
trata de caso suspeito, pelos critérios epidemiológicos."
Segundo o infectologista, o paciente deve deixar o isolamento.
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