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Pai e madrasta de Isabella se entregam
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são investigados pela morte da menina Isabella, 5, ocorrida no último sábado
O casal, que nega o crime, teve a prisão decretada por 30 dias; eles foram alvo de gritos de "assassino"
em mais de uma ocasião
KLEBER TOMAZ
LUÍS KAWAGUTI
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
O pai e a madrasta de Isabella
Oliveira Nardoni, 5, entregaram-se ontem à polícia, quase
20 horas após a Justiça decretar a prisão temporária dos dois
por 30 dias sob suspeita de participação na morte da menina,
no último sábado, na zona norte de São Paulo. Os dois negam.
O estagiário de direito Alexandre Nardoni, 29, e a estudante Anna Carolina Trotta
Peixoto Jatobá, 24, foram alvo
de gritos de "assassino" e "vagabunda" por curiosos em pelo
menos quatro ocasiões, nos
seus deslocamentos.
O casal apresentou-se no fórum de Santana (zona norte),
por volta das 16h, ao juiz Mauricio Fossen, da 2ª Vara do Júri,
e ao delegado Calixto Calil Filho, do 9º DP e responsável pelas investigações do caso.
Em seguida, Nardoni e a mulher foram levados em um veículo policial e com escolta ao 9º
DP (Carandiru), onde chegaram por volta das 18h.
Foram recebidos com xingamentos pelas pessoas que
acompanhavam a movimentação de jornalistas. Os dois entraram pelos fundos do prédio,
sob proteção de policiais. O pai
de Isabella estava de cabeça erguida. Anna Carolina desceu do
veículo de cabeça baixa, tentando evitar fotos.
Às 20h, novamente sob insultos, o pai e a madrasta de
Isabella deixaram o distrito policial algemados e foram levados em um carro do GOE (Grupo de Operações Especiais, da
Polícia Civil) ao IML.
Após o exame de corpo de delito, Anna Carolina deixou o
IML às 20h42, de onde seguiu
para o 89º DP (Portal do Morumbi). Curiosos deram tapas
no carro que a conduzia, aos
gritos. Às 21h02 foi a vez de
Nardoni ser encaminhado ao
77º DP (Santa Cecília). Ele foi
xingado tanto na saída do IML
como na chegada ao distrito.
Hoje, os dois serão ouvidos
pela polícia, separadamente. A
Justiça decretou sigilo do caso.
Os advogados do casal passaram o dia negociando a apresentação à polícia. Em cartas
divulgadas ontem, Nardoni e
Anna Carolina dizem estar sendo injustamente acusados.
"Nós não somos os culpados",
diz trecho da carta de Nardoni.
Um dos advogados do casal,
que não se identificou, disse,
após a chegada dos dois ao 9º
DP, que Nardoni e Anna Carolina querem contribuir com a
Justiça. Ele afirmou que ainda
não foi encaminhado um pedido de habeas corpus e que a defesa vai analisar depoimentos e
provas para esclarecer as contradições citadas pela polícia.
Pontos a esclarecer
O delegado Aldo Galeano Júnior, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária
da Capital), disse que a negociação com os advogados envolveu
um pedido de proteção. "Eles [o
casal] querem garantir sua integridade física, porque é um
crime que trouxe comoção."
Questionado sobre o argumento para o pedido de prisão,
Galeano disse que a polícia encontrou contradições e vários
pontos que precisam ser esclarecidos. "A prisão temporária é
justamente para esclarecer esses pontos", afirmou.
O promotor Francisco José
Taddei Sembranelli, que participa do inquérito, também citou contradições e pontos obscuros nos depoimentos como
motivos do pedido de prisão.
"A polícia tem que ser técnica
e trabalhar em cima de provas.
Nós não podemos entrar em
polêmica e cometer qualquer
erro, qualquer injustiça. Nós
precisamos de prudência, cautela, ou vamos comprometer a
investigação", disse Galeano.
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