São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Pai e madrasta de Isabella se entregam

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são investigados pela morte da menina Isabella, 5, ocorrida no último sábado

O casal, que nega o crime, teve a prisão decretada por 30 dias; eles foram alvo de gritos de "assassino" em mais de uma ocasião

KLEBER TOMAZ
LUÍS KAWAGUTI
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O pai e a madrasta de Isabella Oliveira Nardoni, 5, entregaram-se ontem à polícia, quase 20 horas após a Justiça decretar a prisão temporária dos dois por 30 dias sob suspeita de participação na morte da menina, no último sábado, na zona norte de São Paulo. Os dois negam.
O estagiário de direito Alexandre Nardoni, 29, e a estudante Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, foram alvo de gritos de "assassino" e "vagabunda" por curiosos em pelo menos quatro ocasiões, nos seus deslocamentos.
O casal apresentou-se no fórum de Santana (zona norte), por volta das 16h, ao juiz Mauricio Fossen, da 2ª Vara do Júri, e ao delegado Calixto Calil Filho, do 9º DP e responsável pelas investigações do caso.
Em seguida, Nardoni e a mulher foram levados em um veículo policial e com escolta ao 9º DP (Carandiru), onde chegaram por volta das 18h.
Foram recebidos com xingamentos pelas pessoas que acompanhavam a movimentação de jornalistas. Os dois entraram pelos fundos do prédio, sob proteção de policiais. O pai de Isabella estava de cabeça erguida. Anna Carolina desceu do veículo de cabeça baixa, tentando evitar fotos.
Às 20h, novamente sob insultos, o pai e a madrasta de Isabella deixaram o distrito policial algemados e foram levados em um carro do GOE (Grupo de Operações Especiais, da Polícia Civil) ao IML.
Após o exame de corpo de delito, Anna Carolina deixou o IML às 20h42, de onde seguiu para o 89º DP (Portal do Morumbi). Curiosos deram tapas no carro que a conduzia, aos gritos. Às 21h02 foi a vez de Nardoni ser encaminhado ao 77º DP (Santa Cecília). Ele foi xingado tanto na saída do IML como na chegada ao distrito.
Hoje, os dois serão ouvidos pela polícia, separadamente. A Justiça decretou sigilo do caso.
Os advogados do casal passaram o dia negociando a apresentação à polícia. Em cartas divulgadas ontem, Nardoni e Anna Carolina dizem estar sendo injustamente acusados. "Nós não somos os culpados", diz trecho da carta de Nardoni.
Um dos advogados do casal, que não se identificou, disse, após a chegada dos dois ao 9º DP, que Nardoni e Anna Carolina querem contribuir com a Justiça. Ele afirmou que ainda não foi encaminhado um pedido de habeas corpus e que a defesa vai analisar depoimentos e provas para esclarecer as contradições citadas pela polícia.

Pontos a esclarecer
O delegado Aldo Galeano Júnior, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), disse que a negociação com os advogados envolveu um pedido de proteção. "Eles [o casal] querem garantir sua integridade física, porque é um crime que trouxe comoção."
Questionado sobre o argumento para o pedido de prisão, Galeano disse que a polícia encontrou contradições e vários pontos que precisam ser esclarecidos. "A prisão temporária é justamente para esclarecer esses pontos", afirmou.
O promotor Francisco José Taddei Sembranelli, que participa do inquérito, também citou contradições e pontos obscuros nos depoimentos como motivos do pedido de prisão.
"A polícia tem que ser técnica e trabalhar em cima de provas. Nós não podemos entrar em polêmica e cometer qualquer erro, qualquer injustiça. Nós precisamos de prudência, cautela, ou vamos comprometer a investigação", disse Galeano.


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