São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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BARBARA GANCIA

Dirigente é pego de calças curtas

Max Mosley é filho de sir Oswald Mosley, fundador do partido fascista inglês. Aí é que mora a encrenca

QUANDO O ASSUNTO é sexo, os britânicos, especialmente aqueles que pertencem à classe dominante, parecem preferir o extraordinário.
Nesta semana, Max Mosley, presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), entidade máxima do esporte no mundo, foi implicado pelo tablóide "News of the World" (com direito até a vídeo de cinco horas na internet) em um escândalo sexual que deve custar-lhe o mandato e muito mais.
Muitos atribuem as esquisitices que lordes, duques, marqueses e baronetes praticam entre quatro paredes ao fato de que, muito jovens, eles são despachados para colégios internos habitados exclusivamente por membros do mesmo sexo, de onde ressurgem somente na hora de adentrar a universidade.
Se instituições como Eton, Harrow ou Winchester têm o poder de perverter a mente de futuros chefes de indústria, de vencedores do prêmio Nobel ou de primeiros-ministros britânicos, ninguém sabe dizer ao certo. Mas é inegável que os ingleses gostam de apimentar sua vida sexual com artifícios e excentricidades que nós, triviais amantes latinos, nem chegamos a sonhar.
Não é à toa que o clássico filme dos anos 60 "The Ruling Class", com Peter O'Toole, abre com a cena de um velho duque vestindo tutu de bailarina, que se enforca por acidente durante uma sessão de onanismo turbinado. Ou que o príncipe Charles tenha confidenciado à então amante, Camilla Parker-Bowles, que nutria a fantasia de ser seu tampão -como revelaram as gravações de telefonemas entre os dois quando o herdeiro ao trono ainda era casado com a princesa Diana.
Se ser um absorvente higiênico faz a cabeça de Charles, ninguém tem nada a ver com isso, não é mesmo?
Cada um com seus problemas. E se Max Mosley atinge o êxtase vestindo-se de militar e ordenando a cinco prostitutas que rastejem aos seus pés enquanto ele lhes dá ordens, quem somos nós para julgá-lo?
Na intimidade da alcova, cada um faz o que quer ou o que consegue. Contanto que o sexo seja consentido entre as partes e não incomode os vizinhos, cada um é livre para entreter suas mais desvairadas fantasias.
Mas, no caso de Mosley, não é a atividade sexual em si que está causando rebuliço. A BMW, a Mercedes-Benz e a Honda não pediram a cabeça do dirigente pelo fato de ele gostar de várias garotas de programa ao mesmo tempo.
Ocorre que, no vídeo mostrado na internet, Mosley veste-se de oficial nazista, fala alemão e as prostitutas usam uniformes que lembram aqueles dos campos de concentração. Aí é que mora a encrenca.
Max Mosley vem a ser filho de sir Oswald Mosley, fundador do partido fascista inglês. Durante boa parte da 2ª Guerra, sir Oswald foi mantido em prisão domiciliar por sua admiração declarada por Hitler. Max sempre negou que compartilhasse das idéias do pai e, ao chegar à FIA, foi enfático em dizer que se envergonhava do passado da família, que até hoje é execrada pelos ingleses.
Duvido que a BMW, a Mercedes e a Honda acreditem que o que Max Mosley faz na intimidade interfira com suas atividades na FIA. Mas agora sabemos que ele não sente tanta vergonha do passado nazista do pai quanto dizia. Não foi a mentira que derrubou Nixon?


barbara@uol.com.br

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