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BARBARA GANCIA
Dirigente é pego de calças curtas
Max Mosley é filho de sir Oswald Mosley, fundador
do partido fascista inglês.
Aí é que mora a encrenca
QUANDO O ASSUNTO é sexo, os
britânicos, especialmente
aqueles que pertencem à
classe dominante, parecem preferir
o extraordinário.
Nesta semana, Max Mosley, presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), entidade
máxima do esporte no mundo, foi
implicado pelo tablóide "News of
the World" (com direito até a vídeo
de cinco horas na internet) em um
escândalo sexual que deve custar-lhe o mandato e muito mais.
Muitos atribuem as esquisitices
que lordes, duques, marqueses e baronetes praticam entre quatro paredes ao fato de que, muito jovens, eles
são despachados para colégios internos habitados exclusivamente por
membros do mesmo sexo, de onde
ressurgem somente na hora de
adentrar a universidade.
Se instituições como Eton, Harrow ou Winchester têm o poder de
perverter a mente de futuros chefes
de indústria, de vencedores do prêmio Nobel ou de primeiros-ministros britânicos, ninguém sabe dizer
ao certo. Mas é inegável que os ingleses gostam de apimentar sua vida
sexual com artifícios e excentricidades que nós, triviais amantes latinos,
nem chegamos a sonhar.
Não é à toa que o clássico filme dos
anos 60 "The Ruling Class", com Peter O'Toole, abre com a cena de um
velho duque vestindo tutu de bailarina, que se enforca por acidente durante uma sessão de onanismo turbinado. Ou que o príncipe Charles
tenha confidenciado à então amante, Camilla Parker-Bowles, que nutria a fantasia de ser seu tampão
-como revelaram as gravações de
telefonemas entre os dois quando o
herdeiro ao trono ainda era casado
com a princesa Diana.
Se ser um absorvente higiênico faz
a cabeça de Charles, ninguém tem
nada a ver com isso, não é mesmo?
Cada um com seus problemas. E se
Max Mosley atinge o êxtase vestindo-se de militar e ordenando a cinco
prostitutas que rastejem aos seus
pés enquanto ele lhes dá ordens,
quem somos nós para julgá-lo?
Na intimidade da alcova, cada um
faz o que quer ou o que consegue.
Contanto que o sexo seja consentido
entre as partes e não incomode os vizinhos, cada um é livre para entreter
suas mais desvairadas fantasias.
Mas, no caso de Mosley, não é a
atividade sexual em si que está causando rebuliço. A BMW, a Mercedes-Benz e a Honda não pediram a
cabeça do dirigente pelo fato de ele
gostar de várias garotas de programa
ao mesmo tempo.
Ocorre que, no vídeo mostrado na
internet, Mosley veste-se de oficial
nazista, fala alemão e as prostitutas
usam uniformes que lembram
aqueles dos campos de concentração. Aí é que mora a encrenca.
Max Mosley vem a ser filho de sir
Oswald Mosley, fundador do partido fascista inglês. Durante boa parte
da 2ª Guerra, sir Oswald foi mantido
em prisão domiciliar por sua admiração declarada por Hitler. Max
sempre negou que compartilhasse
das idéias do pai e, ao chegar à FIA,
foi enfático em dizer que se envergonhava do passado da família, que até
hoje é execrada pelos ingleses.
Duvido que a BMW, a Mercedes e
a Honda acreditem que o que Max
Mosley faz na intimidade interfira
com suas atividades na FIA. Mas
agora sabemos que ele não sente
tanta vergonha do passado nazista
do pai quanto dizia. Não foi a mentira que derrubou Nixon?
barbara@uol.com.br
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